NO CAMBURÃO

 

 

 

Vivo às voltas com as palavras. Não só para falar e escrever, mas também porque trabalho com elas. Em aulas não gosto de traduzir, procuro explicar o significado, assim o aluno não fica preso ao português. Quanto mais ele puder entender e registrar o que está aprendendo na língua estrangeira, melhor. Assim poderá se expressar com mais facilidade. Não se pode falar outra língua traduzindo o tempo todo. Além de cansativo, nem sempre dá certo. Os maiores avanços se dão quando o aluno começa a pensar na outra língua, o que demora um pouco, mas um dia acontece.

 


 

E nesse percurso acontecem também coisas interessantes. Repensamos nossa própria língua. Principalmente quando encontramos uma palavra estrangeira que tem correspondente em nosso idioma, mas usado em situação diversa. Sempre que no texto francês aparece ‘voiture’ e eles não sabem o que é, eu faço mímica, mostrando que se trata de um carro. Explico que existe a palavra automobile, mas assim como o nosso automóvel, não é muito usada. E então logo alguém diz: é viatura! É. Só que os franceses vão para o trabalho em voitures, passeiam de voiture, viajam em voitures.

 


 

E nós, para onde vamos em viaturas?...