Tempo...tempo

Há tantas coisas que podemos deduzir a partir da palavra tempo, contudo, venho apreendendo que tempo combina muito com uma palavrinha mágica: “experiência”.

Já é de costume ouvir falar a velha frase “o tempo cura tudo”... Além de curar, sobretudo, acredito que o tempo ensina tudo, ou quase tudo, pois as experiências de aprendizagem, aqui na terra, desconhecem limites, sempre temos algo novo a aprender.

Já falei muito em minhas crônicas que o maior desafio do ser humano é a convivência; através dela aperfeiçoamos nossa capacidade de perdoar, de superar, de entender o ponto de vista do outro, enfim, convivência gera crescimento e, em alguns casos, gera retrocesso (momento da vida onde somos obrigados a abandonar a embarcação).

Depois de um “tempo” acabamos descobrindo que a solidão também é uma dolorosa e necessária experiência de aprendizagem, e que a solidão a dois é uma dor que não têm cura!

É na solidão que os espelhos da vida se voltam direto para nós, sem interferências, olho no olho, conseguimos enxergar aquilo que não éramos capazes de ver, tornamo-nos capazes de perceber quem realmente somos; é na solidão que nos descobrimos, que testamos nossos limites de superação.

O que percebo hoje, é que a solidão não é mais sinônimo de singular, a vida moderna vem nos revelando que a solidão está impregnada por todos os lados, a correria do dia a dia, a busca desenfreada pelo dinheiro, tudo isso contribui para que as pessoas tornem-se cada vez mais solitárias.

Tenho tido a oportunidade de trabalhar com adolescentes, e pude constatar que as maiores dificuldades por eles enfrentadas, a grande maioria deles, relata que se sente só, desabafam que sentem serias dificuldades de poder conversar com os pais; mesmo numa casa onde “habitam” várias pessoas, o que predomina é a ausência.

Ninguém mais encontra tempo para a convivência, pois a sobrevivência tomou conta dos lares.

E já que o assunto é tempo, e que tempo nos dias de hoje está, erradamente, relacionado diretamente a dinheiro, gostaria de quebrar esse paradigma e listar alguns desejos que pudessem traduzir os sonhos que insistem em habitar este pobre coração de quem vos escreve; um lugar misterioso, onde o tempo é subtraído sem ser corrompido...

1) Eu queria estar no interior de uma densa floresta rodeada de árvores e frutos silvestres.

2) Eu queria ser o alivio para a dor de todas as crianças que sofrem qualquer tipo de violência.

3) Eu queria ser um antidoto contra toda a maldade do mundo.

4) Eu queria ter a cura para o sofrimento da alma.

5) Eu queria ser o sorriso nos lábios inocentes das crianças.

6) Eu queria ter oito anos de idade por uma semana...

Eu queria compreender este velho e enigmático tempo!