Minha dona

Minha dona

Preocupados com a minha solidão, que diga-se de passagem, foi uma opção de vida que escolhi para mim, meus filhos me presentearam com uma cadelinha linda. Nunca tinha visto uma de sua raça, Lulu da Pomerânia, um amor de cachorrinha. Parecia uma bolinha de algodão quando chegou, toda dengosa e sapequinha, me fazendo rir o dia inteiro com as suas gracinhas. Cresceu e transformou-se numa cadelinha-moça elegantíssima, andando na pontinha das patas, na maior elegância e sacudindo a cauda que mais parece uma franja, sempre empinadinha para cima. Minha casa nunca mais foi a mesma. Nem eu. Virei refém da meiguice dela, sofro quando tenho que sair de casa e não posso levá-la, choro quando tenho que viajar e ficar longe por uns dias, sempre tendo pesadelos de que vou voltar e não encontrá-la mais. Não sei por que a gente se apega tanto assim aos animais. Eles parecem ter uma ligação muito forte com a gente, parecem entender quando estamos tristes, e nos acariciam, ficam sorrindo quando sentem que estamos felizes e se afastam quando percebem que queremos ficar sozinhos. São como nossos anjos da guarda, vigiando tudo o que acontece à nossa volta, e se pressentem perigo, arriscam a sua vida para proteger a nossa. A minha pequenina Hannah é assim, vela o meu sono em silêncio, com os olhos cheios de afeição quando olha para mim. Acho que não saberia mais viver sem ela, porque agora os papéis se inverteram e é ela que é dona de mim. Já recebi muitos presentes maravilhosos na minha vida, mas ela foi um presente especial, porque completou um vazio que havia em mim e que poucos seres humanos preenchiam: minha cota de carinhos.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 24/10/2011
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