Um belo dia
Seu desespero começou as 06 horas da manhã, o mp3 player ficou sem pilha, triste azar para quem pega o Eixo Anhanguera, principalmente nesse horário! Um rapaz escuta música sem os fones, era uma música chiclete muito ruim, então com muita com raiva, nossa protagonista presenteia o moço com seus fones e pensa '' como algo com o nome de Anhanguera no meio pode ser legal? Eixo Diabo Velho. Deve ser maldição de nome, isso é um inferno.''
Na hora do almoço ela já sentia o dia cada vez mais pesado e fedido, quando viu uma barata enorme passando por baixo da cadeira onde ela almoçava por 4,00 reais a vontade.
No colégio onde termina seu ensino médio, chega pontualmente, mas fica sem as duas primeiras aulas por falta de professores, começa a cair uma chuva, para piorar a metade do colégio não tinha telhado, e alem disso o esgoto do colégio começou a subir, o resultado é que as aulas da noite são canceladas.
A noite nem havia começado, não teria mais aula, e nossa jovem protagonista resolve beber uma cerveja ( digo uma, ela tinha 3,40 na carteira e certamente encontraria algum amigo para rachar duas cervejas). Antes de chegar no seu boteco favorito, ela se depara com a noticia de que uma jovem havia sido assassinada por ser homossexual no interior do estado, e escuta comentários '' tem que morrer esses gays e sapatão tudo mesmo, tá errado isso!'' '' tinha era que estuprar antes de matar!''.
Uma pequena igreja com três pessoas dentro fazia muito barulho com o pastor berrando ao microfone que Cristo ia voltar e começa a falar uma palavras meio estranhas. Na outra esquina ela vê outra igreja, só que dessa vez lotada de gente, onde o pastor dizia '' Deus esta tocando no meu coração que a quantia a ser doada é de 150 reais, viu? Menos que isso não dá, se você não tiver, olha que estamos aceitando celular, joia e o que Deus tocar no seu coração!''
Ao lado, duas meninas falavam sobre dois rapazes sentados na calçada '' como eles são feios'', em outra rua, moleques cuspiam em uma mendiga. Mais uma esquina e cinco rapazes gritaram ''Gostosa!'' para outra moça que descia a rua.
Nossa protagonista nota tudo, fica com uma sensação de que estava perdida, estava em um daqueles dias nos quais não entendia muito bem as pessoas, e até sentia vergonha de ser uma pessoa, sentia vergonha da sociedade, em especial a que ela viva! Ela estava apenas em um dia observador.
(Anna Alchuffi)