Fred, o homem-boto

À beira do rio Madeira, em Porto Velho existia uma praça de alimentação que mais parecia uma cervejaria. Bastante botecos e restaurantes daqueles tipo cabanas. Essa área era denominada por alguns de "Praça de Alimentação Madeira-Mamoré" e por outros de "barquinho".

Esse local foi desativado e reformulado com uma atração bem diferente da que existia antes. Hoje a visitação dar-se-á mais por famílias, que levam crianças para conhecer o ambiente recreativo e histórico.

Eu frequentava muito esse lugar. Era local de encontro com meus amigos. Quase todas as sextas-feiras lá estava eu com minhas queridas amigas: Enid, Carminda, Petinha, Toninha, Teresa... ou com o Wilson, o único amigo que nos acompanhava.

Num desses dias, estava com apenas a amiga Petinha quando de repente comunicaram pelo microfone que alguém havia perdido uma carteira com documentos. Isso nos chamou a atenção e começamos a observar as pessoas que se aproximavam da barraca.

Nisso enxergamos um homem muito bonito: alto, branco, levemente grisalho, muito bem vestido, provavelmente entre trinta e cinco a trinta e nove anos.

Esse homem começou a mirar nossa mesa. Andava um pouco, logo voltava e nos observava insistidamente.

Eu entendi perfeitamente que era pra mim que ele olhava.

Quando fui ao banheiro, ele se aproximou e disse: - Oi!

Respondi-lhe, fazendo uma pergunta: - Foi você quem perdeu os documentos?

- Não! Quero apenas conversar com você. Respondeu-me.

A partir desse dia, eu comecei a observar que todas às vezes aquele homem estava lá. Apenas ainda não o tinha notado.

Perguntei de um garçom sobre o homem. Obtive a seguinte resposta:

- Todos os dias ele vem aqui, olha o rio, fica um pouco e vai embora, às vezes vem pela manhã e depois vem à tardezinha.

Percebi, em outras vezes que "ele" vinha olhar os botos, depois ia embora. Poucas foram as vezes que o vimos sentar a uma mesa.

Depois daquele dia nós o batizamos de homem-boto, apesar de termos descoberto seu nome: Fred.

Todos os dias após sair do trabalho Fred vai até o rio ver os botos. Qualquer pessoa poderá vê-lo. E não é difícil notá-lo. Lindo.

Dizem que numa noite de natal ele visitou uma casa...

" Numa combinação entre o desejo e o prazer,

Se encontram, numa dança de sedução,

Sem compromisso, excessivamente entrega.

Quão nudez, parada sem ritmo de ilusão,

estão.

Sempre, ao movimento de dois em um.

O ar leva e não traz de volta

Numa espera constante de uma vez só

Pronta pra entrada sua

e pronto, não veio.

Ao som do luar,

ouvindo o sussurrar de um homem

que nada diz, mas na infusão, marcou.

Incólume, que sou,

consigo resistir a mim mesma,

na esperança do vir,

que seja mais uma vez em mim,

na égide do nada e do tudo pra quem sentiu, é tudo ."

Ao "boto".

Gecildamaria
Enviado por Gecildamaria em 23/10/2011
Reeditado em 22/06/2015
Código do texto: T3293367
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