Falar outro idioma
Há poucos dias vi por aí um anúncio desses que dizia: aprenda inglês e garanta sua vaga no mercado de trabalho. Não é preciso expor que é bonito desvendar o ser humano em seus múltiplos apectos linguísticos. No entanto val considerar a existência de poliglota imbecil e monoglota genial. Há grandes escritores universais apenas em seu idioma de origem e que depois são vertidos. O fato é que o conteúdo imbecil pode se multiplicar em várias falas.
Mas havia algo de imperativo no anúncio porque dava para ver o quanto estamos subjugados pela falta de amor ao Brasil, brasileiro. Nele o forçoso domínio de outro idioma, para sedimentar uma classe de elite na jornada de trabalho, passa por erudição. Milhares de brasileiros perderão suas vagas por falta desse requisito. A violência deste impacto é gigantesca em termos individuais: longos fracassos, longas angústias. A resposta social é a grande perda de potencial, um grande empobrecimento. O que o governo devia incentivar é o curso de aperfeiçoamento empresarial nas empresas.
Essa exigência extensiva é um constrangimento para ocupação de vagas nacionais. Muita gente competente, com grande capacidade de atuação, perece no funil estreito das oportunidades limitadas. Limitadas em grosso por esta simples requisição.
Há pouco tempo o Itamarati baniu o conhecimento prévio de idiomas em suas provas de seleção. Falar outro idioma tem sido bem mais vaidade no complexo de inferioridade do que uma altitude intelectual. Tristemente nossos compatriotas acabam previamente sem vaga no mercado produtivo de trabalho. Os jovens são massacrados pela ideia de ser alguém e outro em novo idioma. A educação superior no Brasil é altamente preconceituosa, pois obedece ao instinto do mercado de trabalho de um modo não assumido. Está longe de compreender que o ato de “estudar é um trabalho” e devia ser remunerado. Deste modo o estudante é mantido na posição de custo e não beneficio dentro da sociedade. A exigência intelectual volta-se para a concorrência desumana onde a grande massa é deserdada. Tal forma é maquiada pela propaganda e persiste como ideia básica de excelência. Conhecer outro idioma é mito redencional desse método injusto e segregador. O próprio mestrado é obtido com o domínio sine qua non de outro idioma. Tudo isto motiva a ideia do brasileiro ser um plágio do mundo.