Em busca do silêncio da Madrugada
O vento soprava gelado nas primeiras horas da madrugada. O dia havia sido quente, mas a noite já não era bem assim. As ruas jaziam caladas e as pessoas já deviam estar dormido.
Mas a paisagem era mais bonita do lado de fora assim. Poucas vezes paramos para observar a beleza que nos cerca em nossas cidades. Ficamos ocupados com nossos deveres, afazeres e prazeres de tal forma que nossas rotinas são quase indestrutíveis.
Mas há uma particular beleza em olhar pela janela de madrugada. Tudo o que há para ver são luzes geradas artificialmente que desafiam o negro céu acima. Criações humanas, o habitat humano, em todo seu esplendor de concreto. Algumas árvores, que nos lembram que somos animais e precisamos respirar, e, acima de tudo, o silêncio.
Quão valioso é o silêncio nos dias de hoje. Ao contrário do constante barulho caótico dos dias, chamados úteis, de trabalho e até mesmo de folga. Realmente não há criatura mais barulhenta de que o homem. Só de imaginar a quantidade de pessoas e coisas que geram barulhos diferentes, ao mesmo tempo, numa rua em qualquer lugar do mundo, já fico com dor de cabeça. Muita dor de cabeça.
Então, quando olho por uma janela de meu apartamento, na madrugada, sinto uma sensação enorme de conforto. Uma sensação enorme de silêncio, que traz paz. Mas mesmo esse silêncio, não é definitivo. Ao longe pode-se escutar a música de alguma festa e, em intervalos de tempo mais curtos do que seria ideal, um carro ou outro ainda passa pela rua, trazendo o som do seu motor e de suas rodas sobre o asfalto.
Não consigo entender o que alguém estaria planejando ou fazendo ao andar de carro quando a primeira hora da manhã já vai se findando. Melhor seria se essas pessoas fossem para suas casas e observassem a noite das suas janelas e delas tentassem obter alguma paz e sussego, como em vão tento fazer.
Sempre que o sono me falha, e acordo em meio à madrugada.