As solitárias sacadas.

Olho para cima e vejo belos edifícios residenciais com sacadas pequenas ou grandes. Os apartamentos com sacadas são bem mais caros. Mesmo assim, eles são desejados pelas famílias que decidem ter um belo imóvel. O que mais me chama à atenção é que é incomum ver alguém numa sacada observando o movimento da rua ou olhando para o céu. As sacadas ficam sozinhas expostas ao sol, à chuva e ao vento. Então eu penso:- “Que saudade das casas que tinham varanda à beira do jardim!” A varanda era o ponto de encontro. Elas tinham duas cadeiras de vime e às vezes uma de balanço, que causavam paz e sossego. Ali, no final do dia, a mulher esperava seu marido voltar do trabalho. Ele, ao chegar, se sentava ao lado dela para juntos aproveitarem o fim da tarde. Em silêncio, apenas de mãos dadas, apoiadas nos braços das cadeiras, o casal ali ficava sentindo o perfume dos jasmins e ouvindo o cantar de pássaros à procura de seus ninhos para dormir. E na varanda, nada solitária, o casal todo feliz esperava a hora de abrir a porta da sala e entrar em seu lar.

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Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 22/10/2011
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