AS MENINAS
Meus filhos, no sábado, lá do sítio me telefonam “mãe estivemos no sítio e estamos voltando”... - Quê? Esqueceram de mim? E viajar com esse tempo perigoso para a serra? Esqueceram da mãe, perguntei boba?
– “Sim, esquecemos, daqui a pouco estaremos aí”.
Tenho este sítio há muitos anos e sempre o preservei, como o seu entorno, eu sempre fui ecológica por natureza. Não há plantinha, árvore, bicho, bichinhos e pássaros que eu não cuide, proteja e preserve. Enquanto os novos vizinhos logo transformam suas áreas em grandes gramados, ainda bem que são terrenos menores para lazer, eu mais árvores frutíferas ou árvores de flores eu planto. E aquelas que nascem por conta dos passarinhos e morcegos, mais respeito, pois eles sabem o que fazem, eles contribuem com o equilíbrio ecológico.
Manter o sítio consome energia, tempo e despesa. Claro, prazer também.
Em fevereiro deste ano me apareceu para trabalhar uma menina, uma moça, filha de um antigo caseiro, amigo meu e combinamos que ela ficaria responsável por tudo, criada ali, tem a mesma filosofia ecológica que eu. Tratado, oquei, carteira assinada, tudo combinado; enfim, posso ir pro Rio e ter mais tempo para escrever.
Mas veio com ela a companheira, bem mais nova, também filha de uma antiga caseira, gente muito boa, e que me diz que foi despedida do seu emprego, uma fábrica, quando soube que passara a viver com a outra mulher.
“Aí tudo muda de figura, digo eu, porque vocês não vão poder ficar separadas... Coração falou mais alto... Então você também fica trabalhando junto. As duas juntas façam todo o serviço juntas e vou pedir minha filha para ajudar meio a meio no salário de vocês, carteiras assinadas, e vocês cuidam daqui como se fosse eu, vocês já conhecem a minha preocupação com a mata, com a água e com os bichos... e eu posso ir pro Rio e nos falamos por telefone, combinado?”
A mais velha com os olhos vermelhos cheios dágua: “obrigada...” E a menor “se atirou em meus braços e deu o abraço mais comovente de quem recebeu compreensão e guarita... obrigada”, que retribuí.
A vida é para ser vivida com amor...
A compreensão não resolve, mas ajuda muito.
Enviado por MLuiza Martins em 24/11/2008
HOJE
Depois disso é que vim para o Rio e comecei no Recanto das Letras.
Meus filhos, no sábado, lá do sítio me telefonam “mãe estivemos no sítio e estamos voltando”... - Quê? Esqueceram de mim? E viajar com esse tempo perigoso para a serra? Esqueceram da mãe, perguntei boba?
– “Sim, esquecemos, daqui a pouco estaremos aí”.
Tenho este sítio há muitos anos e sempre o preservei, como o seu entorno, eu sempre fui ecológica por natureza. Não há plantinha, árvore, bicho, bichinhos e pássaros que eu não cuide, proteja e preserve. Enquanto os novos vizinhos logo transformam suas áreas em grandes gramados, ainda bem que são terrenos menores para lazer, eu mais árvores frutíferas ou árvores de flores eu planto. E aquelas que nascem por conta dos passarinhos e morcegos, mais respeito, pois eles sabem o que fazem, eles contribuem com o equilíbrio ecológico.
Manter o sítio consome energia, tempo e despesa. Claro, prazer também.
Em fevereiro deste ano me apareceu para trabalhar uma menina, uma moça, filha de um antigo caseiro, amigo meu e combinamos que ela ficaria responsável por tudo, criada ali, tem a mesma filosofia ecológica que eu. Tratado, oquei, carteira assinada, tudo combinado; enfim, posso ir pro Rio e ter mais tempo para escrever.
Mas veio com ela a companheira, bem mais nova, também filha de uma antiga caseira, gente muito boa, e que me diz que foi despedida do seu emprego, uma fábrica, quando soube que passara a viver com a outra mulher.
“Aí tudo muda de figura, digo eu, porque vocês não vão poder ficar separadas... Coração falou mais alto... Então você também fica trabalhando junto. As duas juntas façam todo o serviço juntas e vou pedir minha filha para ajudar meio a meio no salário de vocês, carteiras assinadas, e vocês cuidam daqui como se fosse eu, vocês já conhecem a minha preocupação com a mata, com a água e com os bichos... e eu posso ir pro Rio e nos falamos por telefone, combinado?”
A mais velha com os olhos vermelhos cheios dágua: “obrigada...” E a menor “se atirou em meus braços e deu o abraço mais comovente de quem recebeu compreensão e guarita... obrigada”, que retribuí.
A vida é para ser vivida com amor...
A compreensão não resolve, mas ajuda muito.
Enviado por MLuiza Martins em 24/11/2008
HOJE
Depois disso é que vim para o Rio e comecei no Recanto das Letras.
Hoje estou sendo processada por uma ação trabalhista feita pela MENINA mais velha que se demitiu no CARNAVAL último. Sem motivo aparente. Do trabalho que lhe competia, não fez nada. As casas estão cheias de cupim e pó, os portões foram despencando e a propriedade ficou aberta com as ripas azuis dos portões caindo uma a uma e no chão ficando. Telha caindo... Represa cheia de areia e um fio dágua só. As fruteiras foram sumindo e não se vê mais a fartura dos abacateiros, As jaboticabeiras carregadas secaram um bocado e as bananeiras acabaram. O jardim precioso que eu cuidava sozinha sumiu, virou mato.Parece propriedade sem dono.
Só uma coisa valeu, uma presença no sítio, e a alimentação dos meus bichos(dois cães e três gatas).
E agora no dia 25/10 haverá uma AUDIÊNCIA em que sou a RÉ e ela a autora. Ela podia ter me falado o ou os motivos porque trabalhava mal e sem gosto, e até o que pretendia a mais. Afinal fizemos um trato de mútua confiança. E, quando ela pediu emprego eu nem precisava de empregada, pois era meu prazer a ocupação de cuidar de tudo e que, no Rio, virou prazer de escrever.
Estou sentindo que as coisas da vida são difíceis de entender,não têm o mesmo peso ou reciprocidades, principalmente no íntimo de nós.
Só uma coisa valeu, uma presença no sítio, e a alimentação dos meus bichos(dois cães e três gatas).
E agora no dia 25/10 haverá uma AUDIÊNCIA em que sou a RÉ e ela a autora. Ela podia ter me falado o ou os motivos porque trabalhava mal e sem gosto, e até o que pretendia a mais. Afinal fizemos um trato de mútua confiança. E, quando ela pediu emprego eu nem precisava de empregada, pois era meu prazer a ocupação de cuidar de tudo e que, no Rio, virou prazer de escrever.
Estou sentindo que as coisas da vida são difíceis de entender,não têm o mesmo peso ou reciprocidades, principalmente no íntimo de nós.