Prefeito e Prefeitura

Tão logo foi encerrado o processo eleitoral para presidente da república, já começamos a ver no mural de recados do site www.terradodivino.com.br as indicações para a Prefeitura de Poções. Nunca foi e não será diferente de outros lugares esse processo inicial de indicação de nomes. A comparação é uma excelente forma para começar a olhar quem pode ser o melhor para governar um município.

Imagino uma comparação entre duas frutas: a maçã e a uva. A maçã é uma das mais saborosas e, quem planta, faz da cultura o melhor para que os frutos saiam perfeitos e saborosos – vencemos as “manzanas” argentinas e não mais dependemos deles para comermos maça. O que dizer da uva? é outra maravilha. Evoluiu tanto que é possível a produção no Nordeste dos melhores e únicos vinhos do paralelo 8 de todo o mundo.

Agora, quem é melhor? A uva ou a maça? O resultado pode ser apenas uma questão de gosto ou de análises de resultados práticos e econômicos?

Então, a gente pesquisa no site e vê que as comparações existiram a seu tempo. Alcides Fagundes foi comparado com Fernando Costa. Olímpio Rolim com Aloysio Rocha. Pedro Cunha com Anibal Carvalho. Arnulfo Ramos (Lulu) com Pedro Cunha. Otávio Curvelo com Pedro Cunha. Eurípedes Rocha com Otávio. Tonhe Gordo com Eurípedes. João Bosco com Tonhe. Tonhe Gordo com ele mesmo. Almino, recentemente com Tonhe Gordo. No final, o abacaxi (que também é uma excelente fruta) é empurrado para o governo seguinte e quem descasca é sempre o último prefeito e assim foi de Fernando Costa a Almino. Honro os nomes aqui citados pois vieram de escolhas populares.

No meu modo de ver, acho que cada um, na sua maneira, fez o melhor que pôde para Poções? Foram maçãs ou uvas?

É certo que a economia de Poções não ajuda o desenvolvimento sustentado do município. Não consigo enxergar uma cidade do interior sem base em um polo industrial, por menor que seja. Os próximos governantes devem pensar em atrair empresas que explorem e desenvolvam um ou mais produtos da região. Uma indústria de extrato de tomate, uma indústria de torrefação de café e aí vai. Um polo regional, talvez.

Não sou político, nem economista e sim administrador. Penso que toda e qualquer administração, seja ela pública ou privada, tem que se apoiar em objetivos e planos discutidos com os interessados, conhecimento e ligação com os seus principais adversários, atitudes claras, honestidade em todos os atos, lembrando-se que o maior público é o povo, o seu cliente potencial. Porém, para ser prefeito é preciso muita habilidade e muito jogo de cintura, sem dúvida.

Pensando assim, me lembro de episódios com Carlito Daltro, quando prefeito de Jacobina. Vendemos uma carregadeira de rodas para recolher o lixo e pediu para pintar a palavra Limpuja (Limpeza Pública de Jacobina), administração “ano tal” a “ano tal”. Naquela época, o nome do prefeito podia ser estampado nas portas dos veículos e equipamentos das prefeituras. Perguntei a Carlito porque ele não colocava o nome dele no lugar daquela sigla horrorosa. Explicou que ser prefeito não é nada de especial, é uma obrigação do cidadão, o mínimo que pode fazer para o seu município e sem precisar fazer uso da propaganda – tem que ser lembrado pelo período da administração.

O outro episódio me foi contado pelo próprio Carlito: Ao tentar adquirir um produto em uma loja aqui de Salvador, o balconista percebendo que ele era prefeito, perguntou: - Quanto o Sr. quer que aumente na nota? Sem pestanejar, ele agarrou o pescoço do balconista, puxou pra cima do balcão e disse: - Me respeite, seu filho da ..... Foi embora sem fazer a compra e nunca mais voltou na loja.

O terceiro eu presenciei. O prefeito me recebeu na sua residência e pediu para que esperasse, pois estava com um secretário redigindo a nota para ser divulgada na rádio local. É que ele havia feito uma obra de cobertura do canal que atravessa a praça da Igreja Matriz e as estacas embarreraram o escoamento das águas, transbordando pela casas da praça. Um cidadão se sentiu prejudicado e mandou o recado que ia matá-lo. Carlito relatou o ocorrido na nota, denunciou o desejo do cidadão e marcou a hora para ser morto em praça pública.

Lógico que o seu ameaçador não apareceu. Hoje, Carlito já está aposentado, mora aqui em Salvador. Jacobina agradece as suas administrações e está em franco desenvolvimento.

São exemplos simples como esses que o administrador público se credencia perante aos seus munícipes.

Voltando a Poções, de política eu fui aluno do meu pai. Ele dizia que negócios não podiam se misturar com política. Quando tinha passeata de comício, da varanda da nossa casa, ele acenava para os dois candidatos – o da oposição e o da situação, mesmo sabendo que não tinha o direito de votar. Comício era para ser assistido, mas posicionado bem longe do palanque.

Que a nossa gente saiba escolher as uvas e maçãs. Desejo que todos os nomes apresentados possam mostrar que são capazes de governar Poções. Pelo menos, diferenças à parte, todos os candidatos demonstram uma coisa em comum com as frutas – cresceram politicamente fincados na terra!

Luiz Sangiovanni
Enviado por Luiz Sangiovanni em 27/12/2006
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