IPÊ AMARELO


 
            Em uma de minhas viagens pude perceber claramente como são as árvores do cerrado. Realmente não são as mais belas de se verem durante a estação de seca. Em larga escala, são pequenas, com troncos retorcidos e de folhas grossas. Lembro-me que quando estudava, havia uma teoria que essas árvores ficaram assim devido aos incêndios ocorridos durante esta estação do ano e elas passaram por um processo de transformação, ou seja, teriam que sobreviver ao fogo ou morreriam. Essas pequenas guerreiras criaram lá suas resistências e formaram assim um bioma próprio.
            Mas voltando a minha viagem, fiquei estarrecida quando vi inúmeras dessas árvores com seus troncos queimados num cenário inóspito e quase (repito) quase sem vida. Quem nunca ouviu falar do ipê? É uma árvore típica do cerrado brasileiro e que encanta a todos por suas lindas flores. Há ipês de todas as cores, mas o mais lindo é o amarelo, sem dúvida. Pois é, mesmo estando com seus troncos queimados, esses ipês foram colorindo meu caminho, e um em especial me chamou a atenção. Ele era bem pequenino e daquela dor de se ver queimado e quase sem vida ainda conseguiu germinar duas lindas flores.
            Com isso fiquei pensando, quem dera fôssemos como esse ipê e mesmo feridos pelas intempéries do tempo nos superássemos e não deixássemos de encantar, que escolhêssemos viver e mostrar ao mundo para que viemos. Quem dera fôssemos como esse ipê e buscássemos colorir a vida das pessoas que amamos mesmo ultrajados, mesmo que uma minoria (ou maioria) pense ao contrário.
          Ele em momento algum se importou com sua pequenez e, no entanto compartilhou do seu melhor: floriu. Assim poderíamos ser e compartilharmos de um sorriso que seja, mesmo achando que não temos nada para oferecer, porque a dimensão do coração e da alma só Deus pode avaliar.

                    Então olhei e vi que vários outros ipês se alastravam ao longo da margem da rodovia, cada um ao seu modo. Percebi que muitos são como os seres humanos, uns mais floridos, outros mais pomposos, outros ainda mais altos, e uns outros com troncos mais perfeitos, mas nenhum menos importante porque todos tem um único objetivo sobreviver em meio a muitas tempestades, incêndios, destruições e florindo independente de tudo isso.
          Aprendi com esse pequeno ipê, que é preciso se superar sem olhar os defeitos ou qualidades dos outros, e o mais importante se amar para fazer o mundo ao meu redor melhor.



 
Vania Morais
Enviado por Vania Morais em 20/10/2011
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T3287670
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