Dia do Poeta
Era 20 de outubro. Primaveril feriado. Agora por lei, decreto assinado, o dia do poeta passaria a ser, dos dias do ano, o mais festejado. Saraus nas escolas; fanfarras no caminho; livros em punho; e o poeta sozinho. Nasceu para a solidão, dos reclusos que escrevem melhor no escuro e que só rimam saudade com verdade; não que seja desarmônico, o problema é a ambigüidade que, de per si, serviria de rima também. Mas não se trata de uma música, e talvez nisso resida o maior dos problemas, já que ninguém passa o dia cantarolando poesia, como se faz com os comerciais de televisão. Mas por força daquele decreto-lei-obrigação, toda propaganda do dia do poeta seria versada, como nos saraus que aconteciam nas escolas. Tudo estava correndo bem, com exceção da ausência do poeta que, dizendo-se inspirado, não saiu de casa. A oposição, contrária ao feriado balbuciou – sem rimar – que aquilo demonstrava a falta de objetividade e critérios do governo quanto à instituição dos feriados. E foi só Juca Jacó que entendeu e explicou o ocorrido: O poeta não tem dia; não tem noite; não tem nada. Só lhe resta a companhia, como açoite, da frase inacabada!
Aos Poetas, nosso muito obrigado!!!