Chego à estação com o sentimento de uma fugitiva. Antecipei a partida na véspera quando percebi que não encontraria as sombras dos meus personagens parisienses no Café de Flore. Todas as luzes de Paris se transformaram quando uma conhecida contou a história de um cílio artificial recém-adquirido com a pompa que exige a apresentação das futilidades. Num impulso, talvez brusco, livrei-me dos grilhões das pestanas plásticas e caminhei até o edifício onde Sartre tinha o seu escritório. As moscas. Entre quatro paredes. A náusea. Sursis. O ser e o nada. Suas obras se embaralhavam enquanto observava as janelas fechadas. Compreendi o que ele quis dizer com “O inferno são os outros” e resolvi adiantar minha ida a Lyon, resgatando temporariamente meu purgatório em liberdade.
Levo as malas que o corpo sustenta, deixando a bagagem que a alma não comporta. Em silêncio, despeço-me de Paris com a intenção do breve retorno. À bientôt. Confio em minha memória seletiva e sei que em breve não guardarei mais está emoção vazia e destoante que originou minha fuga. Paris è Paris e não precisa de artifícios para encantar os olhos. Movimento livre. Sinto acariciar os trilhos ao perceber a pluralidade de paisagens que sucedem até a longínqua capital da Gália romana - Lungdunum. Em busca de raízes, chego à confluência dos rios Rhôme e Saône para sentir minha nostalgia genética. Busco os ecos dos passos dos meus ancestrais franceses com o desejo de intuir as sombras de suas trajetórias.
Gare Lyon-Part Dieu.
Levo as malas que o corpo sustenta, deixando a bagagem que a alma não comporta. Em silêncio, despeço-me de Paris com a intenção do breve retorno. À bientôt. Confio em minha memória seletiva e sei que em breve não guardarei mais está emoção vazia e destoante que originou minha fuga. Paris è Paris e não precisa de artifícios para encantar os olhos. Movimento livre. Sinto acariciar os trilhos ao perceber a pluralidade de paisagens que sucedem até a longínqua capital da Gália romana - Lungdunum. Em busca de raízes, chego à confluência dos rios Rhôme e Saône para sentir minha nostalgia genética. Busco os ecos dos passos dos meus ancestrais franceses com o desejo de intuir as sombras de suas trajetórias.
Gare Lyon-Part Dieu.