Workaholic

Debruçou-se sobre os contratos de sua mesa disputada. Resultado: o telefone toca. Pacientemente, atende ao cliente e como era de se esperar, se levanta da cadeira giratória. Resultado: a papelada cai no chão por conta do ventilador que estava há pouco posicionado justamente, atrás do indivíduo. Encerra a ligação e retorna à mesa, mas antes se deu conta de que esquecera em seu carro o dispositivo de armazenamento móvel, contendo tópicos e tópicos concernentes à reunião das 16:00h. Resultado: o cliente o aguarda na recepção, a fim de retirar os contratos. A recepcionista tenta contactá-lo, uma, duas, três, quatro... e depois de tamanha insistência do cliente, faz mais quatorze tentativas. Não conseguindo estabelecer contato com o responsável do escritório, a funcionária pede ao cliente que retorne mais tarde. Resultado: o cliente aceita a proposta e promete voltar às 16:00h. Enquanto isso, o indivíduo chega ao escritório arfante, com um ar medonho de preocupação e algumas gotas de suor escorrendo sobre sua camisa amarrotada. Quando resolve se dirigir à mesa para finalmente, pegar os contratos, o telefone toca. Desta vez enlouquecidamente. Resultado: recebe a notícia de que o cliente retornará no horário da reunião com os investidores. Desespera-se, ao notar que seus contratos não estão em sua mesa, como havia organizado. Recomeça e, sem interrupções, consegue terminar a reorganização às 15:26h. Feliz da vida, comemora em grande estilo. O telefone toca: é a recepcionista. Quando estava prestes a exclamar sua proeza, recebe a notícia de que o cliente cancelara todos os vínculos com seu escritório, por tê-lo "feito esperar feito indigente, em dia de distribuição de sobras de alimentos de algum restaurante putrefato". Resultado: Não diz nada a respeito, somente agradece a funcionária e vai voando para a reunião. Chegando lá, mais uma triste e fatídica constatação: o dispositivo não estava em sua maleta. O telefone toca...