A Natureza e o Anonimato
“... uma foto sempre parece bonita porque foi vista com olhos de quem a fotografou...”
Quando estou em direção ao meu Reino Encantado, na estrada que liga Paraguaçu Paulista ao distrito de Roseta, vou sempre devagar curtindo a paisagem como sempre faço, desde 1.o de Março de 1 939. A cada época do ano essa paisagem se modifica. A beleza é sempre a mercadoria ofertada a quem por lá trafega. De Maio a Setembro as Flores do Cipó de S. João se encarregam da tarefa de enfeitar as margens da estrada. Por mais de 3 quilômetros, tem-se a impressão que está caminhando numa longa passarela de um imenso Jardim. Se perguntar a quem por ali todo dia passa, se viu a beleza do local, é possível obter como resposta: “...num arreparei !” Quanto a mim, é muito pouco o tempo pra tanta beleza... Queria mais. Queria vê-las todos os dias. Sempre. Mas a natureza restringiu o tempo de exposição. Só de Maio a Setembro. Então meus olhos ficariam na carência mais tempo ainda. Egoísta que sou, como todo ser Humano, convidei-as para morarem em minha casa. Disseram que não podiam. Tinham um contrato com o Criador e não podiam abandonar a tarefa. Mas que sugeririam as filhas. Se quisessem tudo bem. Convidei-as e aceitaram. Eram pequeninas. Pareciam uma asas desprendidas de abelhas. Mas logo tomaram jeito. De pequenos brotos para uma cipoada foi um tapa. Pegaram no serviço nos primeiros dias de Maio. O número do endereço de minha casa perdeu o sentido. Ficou sendo: “Aquela casa que tem na frente uma florada de Cipó de Flor de S. João.” Interessante! Existe essa flor por toda nossa região! Será que assim identificar minha casa não iria causar confusão? Todos sabem que esse vegetal, em forma de cipó, é muito comum em nossas matas! Minha casa seria mais um local igual a infinitos outros existentes. Daí este Velho Escriba, prepotente como quase todos os seres humanos, chegou à conclusão que foi preciso que usassem meus olhos para ver mais esse milagre da Natureza. O endereço ficara assim inconfundível...
Hoje pela manhã, quando voltava de carro de meu passeio matinal, vi minha sócia entregando um pequeno buquê de flor “ de Cipó de S. João” a uma senhora que estava de bicicleta. Tentando me esclarecer, curioso como sou, fiquei sabendo que ela veio de um bairro distante, atrás da panacéia que disseram aqui encontrá-la. Fui até a Internet (minha mais nova companheira) e procurei. Veja, entre outras coisas, o que encontrei:
Nome: Cipó de S. João (Pyrostenia Venusta)
Propriedades medicinais: Tônico e antidiarreíco (caule)
Indicações: Diarréia e manchas brancas no corpo (Leucoderma, vitiligo-flor), fraqueza geral.
Parte utilizada: Flores, folhas e raízes.
Efeitos colaterais: A planta é tóxica ( consultar um médico)
Nunca imaginei que minha amiga Flor acumulasse cargo: Além de Bela também fosse Remédio. (oldack/06/10/011).