Um Dia Depois

Sinto na natureza emanações de carinho e energia, nesse dia seguinte ao de natal em que as festas foram comemoradas como sempre com votos e desejos de felicidade. As lojas cheias, coloridas, efervescentes de calor humano e de vibrações as mais intensas. Uma época de esquecimento das preocupações em que as pessoas pensam tão somente no dia que estará por vir.

Dia que Jesus nasceu, não sei se Deus ou homem, as duas coisas, ou apenas o maior e mais grandioso filósofo da humanidade. Aquele que pelo menos interpretava maravilhosamente a alma de todos com o conhecimento de uma filosofia superior e profunda. E dele depois disso vieram outras e numerosas teorias.

Hoje quero ter a liberdade de dizer não, de apenas ouvir as certezas, a fé, as alegrias acumuladas, o dom humano da recuperação, de saber dosar a alegria imensa depois de uma tempestade que levou os bens maiores. Isso só nós teremos! Essa capacidade imensa de transformação, de ternura e de saber sentir em si os elementos naturais que a natureza oferta.

O dia subseqüente ao Natal é naturalmente tranqüilo porque carrega o que já foi e espera o que será. E nessas sensações quero ter o direito de pelo menos hoje dizer não. Não a tudo que acho que devo, não a toda as opressões, não às tristezas, não ao não absoluto, que me comprime em outras épocas que me faz sentir desumana ou egoísta.

Mas quero dizer não hoje. Hoje não sou obrigada a felicitar, a congratular, a falar palavras oficiais e premidas pelos padrões de educação e de cobranças, posso simplesmente encostar-me em algum sofá e continuar a minha leitura preferida, olhar para o espaço e pensar nas coisas simples da vida sem que alguém me lembre que é o dia ou a véspera de natal. Fazer uma caminhada de libertação e informalidade. Tenho o direito de sorrir sem uma data, ou sem que o sorriso se eternize como uma pose não planejada.

Quero amar, doar-me ser feliz ou questionar sem datas ou dias certos.Quero amar todos os dias de minha vida mesmo que não seja o dia de natal.

Jesus, segundo a história nasceu numa manjedoura, foi simples e humano sem deixar de ser por vezes extremamente duro como quando expulsou do templo os vendilhões ou chamou atenção aos fariseus que se reuniam na tentativa de demonstrarem o que não eram. Mas compassivo com os doentes, pobres ou pecadores dava o exemplo de sua mansidão. Por isso tudo é relativo na vida de acordo com esse filósofo maravilhoso que soube convencer as pessoas durante pelo menos 2000 anos.

Isso comemoramos dia 24. Numa noite ruidosa em que se trocam cumprimentos e sorrisos, presentes e votos. Numa noite especial de festas em que nos preparamos durante dias e dias e em que o comércio e a mídia lideram com seu poder de market incrível.

Mas hoje pretendo dizer não à qualquer incerteza, ao que não anseio, explorando um pouco meu próprio egoísmo e entendendo que nenhum outro dia terá essa calmaria da data subseqüente ao dia de natal, onde esperamos ainda o novo ano brilhando radioso na luz de uma esperança vibrátil que nos extasia.

Vânia Moreira Diniz

http://www.vaniadiniz.pro.br/asp/textosamigos.asp?cod=2219

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 26/12/2006
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