A Triste Morte do Papagaio Dedo Duro
Tenho uma irmã que na adolescência foi muito namoradeira, mais que nós, as outras quatro. Minha mãe não dava sossego pra ela ou vice-versa.
Mamãe criava um papagaio que falava tudo, até o que não devia ser falado. Minha irmã sofria com a língua desse papagaio.
Chegava alguém a chamando, imediatamente ele dizia:
- Tem gente aí...í...í!
Mamãe colocava ela pra dentro.
Tinha um rapaz que insistidamente vinha atrás de minha irmã. Pegava cada sermão de minha mãe. Toda vez era expulso.
O papagaio não podia vê-lo chegar, gritava logo:
- O Evilásio! O Evilásio!
Um certo dia minha mãe resolveu deixar minha irmã namorar em casa, com o tal Evilásio. Só que antes colocou as regras: teriam que ficar na sala, não sairem de jeito nenhum e nada de beijos.
Evilásio mal encostava na minha irmã, o papagaio: - Tá beijando! Tá beijando!
E tome-lhe peia!
Uma manhã dessas, minha mãe acordou e começou a procurar o papagaio.
O que teria acontecido? Perguntava ela. Todos os dias ele já acordava pedindo café com pão.
Minha mãe quase morreu quando viu o papagaio afogado numa caixa dágua.
Adivinham quem matou o infeliz?