Varrer o Chão

Sinto que sou mais que eu, sou todos. Os véus se dissolvem, se esvai a tristeza, todas as emoções humanas perderam o sentido. Sou luz, sou sombra, sou uma miríade de tantas coias. Presente, passado, futuro, já não existem e percebo que sempre soube disso, sou Buda, sou Krishna, sou você, sou Cristo, todos em um, um em todos, SOMOS TODOS UM SÓ!

Retorno! A mini-expansão acaba. Respiro! E agora, guru?

Sentado no chão da minha casa, ouço meu bebê chorando, as contas estão chegando, o alarme tocou, tenho que trabalhar! E a expansão da consciência, e o mini-samadhi? Precisa ficar para mais tarde, preciso varrer o chão. A vida espiritual era mais fácil no tempo em que eu vivia no Himalaia.

Depois da iluminação, o que ocorre? Depois que temos uma grande experiência espiritual, como voltar ao mundo real? Como aterrar?

Varrendo o chão.

Estranho!

Tantos livros ensinando os caminhos para a iluminação, mas quase nenhum deles conta o que ocorre depois.

Que pena! Afinal, para nós, pobres peregrinos urbanos, tão fundamental quanto subir aos ceús, é saber descer e continuar por aqui, a trabalhar, a viver!!!!

Os livros espiritas e ocultistas sempre acabam com o céu se abrindo e o mundo espiritual recebendo o escolhido, como num final de novela esotérica, porém, quanto mais vivo, mas desconfio que o final deveria ser o peregrino carregando um cajado em uma mão e na outra, o seu filho, continuando sua caminhada sagrada com uma vida profissional decente e as contas pagas.