VENDE-SE UMA ALMA: BARATINHO! (Aleixenko Oitavo)
VENDE-SE UMA ALMA: BARATINHO!
NORMALYSSON vinha vendendo seus trecos de dentro de casa desde que ficara desempregado. Mas agora as coisas que tinham valor acabaram. Vender o quê? Não tinha mais nada. Abriu a boca para reclamar da desgraça da vida; no que abriu a dentadura caiu. Êpa, a dentadura de nada lhe valia se não tinha nada para mastigar, então era negociável. Estava decidido: venderia a dentadura.
Pôs uma placa de “vende-se uma dentadura” do lado de fora da porta do mafuá.
Quando o azar está enraizado nem trator o arranca. O primeiro comprador ao examinar a dentadura constatou que esta estava rachada. Merda! Deve que foi na queda de quando decidiu pô-la à venda. E agora? Não restava mais nada realmente vendável.
Resolve rezar para ter pelo menos uma inspiração, já que coisas concretas e palpáveis lhe eram negadas.
“Senhor, que sois Deus... está do meu lado ou do lado da miséria? Minha preocupação é estar ao seu lado meu Deus, porque tudo nos fazem crer que o Senhor está sempre certo e ajuda quem precisa.”
As entranhas roncaram e estremeceram: de fome. NORMALYSSON teve um rampante de que seria agora que as tripas grossas engoliriam as finas.
Voltou a oração: “Senhor não temos tempo; se eu não vender algo agora, para conseguir dinheiro para comprar algo que me alimente, morrerei. Dê-me pelo menos uma inspiração de o que vender”.
Esperou certo tempo e nada de inspiração. As entranhas se rebelaram de novo. Ele olhava para todo lado e nada de valor.
Como sempre foi religioso teve um momento de fé diferente daquela que busca coisas materiais; e se preocupou com sua alma, que se morresse, mesmo de fome, esta iria para onde?
Eureca! Estava com algo valioso e disponível, de valor e só ele podia decidir sobre sua venda e valor. Estava decidido: venderia sua alma. Mas e o preço? Quem compraria? Era sabido que o capeta comprava almas no mercado negro, mas assim anunciada será se ele queria? Bom, Deus nunca foi um bom negociante, pelo que ele sabia Deus nunca havia comprado, sempre ganhava as almas de graça. Mas não custava oferecer.
Os negociantes comuns tipo açougueiros, padres, médicos, donas de casas... não comprariam, pois alma não tem peso, não tem cor; e nem sai em radiografia.
Será se lá em Brasília ela teria algum valor? Os políticos até poderiam comprar, pois eles não têm alma.
Estava decidido, o preço seria negociado conforme a cara do freguês. Caprichou nas letras com carvão: “VENDE-SE UMA ALMA: BARATINHO!
Por ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro do Reino de Gorobixaba