Chinelão em Orlando

Sonhei que estava na Disney. E um detalhe interessante: no sonho eu trajava A MESMÍSSIMA ROUPA com a qual fui dormir no dia! Entrei no sonho vestido de bermuda de náilon marinha e camiseta branca velhinha, de uniforme antigo de Agente da Dengue. Nesta camiseta há um mosquitão de quase um palmo desenhado na pança e aquele sinal circular vermelho de proibido. Eu calçava meu par de havaianas pretas. Usava meia branca por causa do frio.

Curiosamente, ninguém na Disney ficou me olhando torto por causa daquele diferente traje. Até que surgiu uma exceção: entre as milhares de pessoas, encontrei um grupo falando em português brasileiro. Ao me verem, interromperam a conversa na hora. Como num filme, a cena seguinte foi um close de dez segundos na parte da frente da camiseta. Entre outras coisas, estava escrito "Prefeitura Municipal". O grupo ficou boquiaberto. Uma mulher do grupo indignou-se. "Puta que pariu! Mas NEM AQUI NA DISNEY a gente se livra destes caras da Dengue!". Afastei-me, com cara de paisagem.

Mais à frente, encontrei outro grupo brasileiro com sotaque típico do Piauí. Não me perguntem como eu sabia disso, pois esta minha habilidade foi coisa só do sonho mesmo. O pessoal foi gentil e amigável. Puxei conversa, troquei idéia e acabei me juntando ao grupo.

Numa praça, escutamos uma confusão. Um pessoal gritando, gesticulando e dizendo "cuidado". Vi uns quatro ou cinco cachorros vira-lata de tamanho médio correndo muito e, atrás deles, um vira-lata preto e branco, malhado, do mesmo tamanho dos outros, mas muito mais gordo e MUITO bravo. Babava e corria. Gritaram: "Ô da Dengue! Toma cuidado! Esse cachorro aí tem raiva!". Tentei correr, mas não consegui, pois, como na vida real, é impossível se deslocar com agilidade calçando meias e havaianas. Fiquei com dó de abandonar os chinelos para correr descalço e por isso me fodi. Fui mordido pelo cachorro gordo.

Amparado pelos piauienses, fui levado à enfermaria, que ficava no mesmo prédio do alojamento para turistas. Ao passar pelo alojamento, notei que era idêntico aos quartos em que se acumulavam prisioneiros judeus nos campos de concentração.