CRÔNICA DESESPERADA

Prometo pra mim mesmo ser meu herói, meu salva-vidas, meu cobertor de orelhas, meu tudo.

Sou eu mesmo quem vai me salvar, prometo. Prometeu. Eu, sempre eu, o Eu, superior, soberbamente paramentado.

Por isso, esta crônica desesperada.

Eu vou me salvar, não sei nadar, onde está meu salva-vidas? Me atropelando, onde está meu herói? Sozinho, onde está meu cobertor de orelhas? Não tenho nada, onde está meu tudo?

Sumi. Onde estou? Por isso esta crônica demasiada, assim desesperada.

Me sinto ultrajado, varado por um metal crucificante, dilacerante, sem ar, ofegante.

Me sinto como uma tartaruga sem o casco, peixe fora d'água, o único sobrevivente.

Também choro, lágrimas de crocodilo.

Você acredita em destino? Eu estava no lugar errado, na hora errada. Eu não tinha uma bola de cristal. Por isso esta crônica desesperada.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 17/10/2011
Reeditado em 17/10/2011
Código do texto: T3282199
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