Os paulistas e o argentino de Miracema
 
 
 
                               Havia no meu tempo de jovem  uma certa implicância do carioca com o paulista.  Na verdade, era a rivalidade das cidades. Uma querendo ser melhor que a outra.
                               Recordo-me bem que os paulistas diziam que eram a locomotiva do Brasil. Imagem tão antiga, não? Mas era assim que eles falavam.
                               Os cariocas diziam que eles só sabiam trabalhar e não sabiam aproveitar a vida. Principalmente, na praia... A picardia era essa. Paulista não tem praia e o carioca aproveitava para deixá-los com inveja. A praia é tão importante para o carioca que, em geral,  a turma do Rio torce pelo Santos .
                               Já contei em crônica antiga, quando estava com meu seis anos, dentro de um avião de São Paulo para o Rio, com meus pais, fiz a felicidade dos paulistas. Avião lotado de paulistas e o piloto do avião resolve dar mais um giro por cima do Rio, para que vissem a beleza da cidade maravilhosa. Aí foi aquela sequência de paisagens lindíssimas.  Barra da Tijuca, Joá, Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme, Pão de Açucar e Corcovado. De repente, eu grito para o papai: “ Pai, como o Rio é feio”
                             Imaginam o que aconteceu?  Isso mesmo!  Uma gargalhada geral da paulistada. Adoraram!
                               Mas por que, nesta manhã chuvosa de segunda-feira, estou contando tudo isso?
                               Calma, pessoal, vão saber agora! Há um ditado que diz que a gente paga com a língua.  Exatamente em razão dessas bobagens de rivalidade, eu dizia que seria difícil fazer amizade com paulista.  Pois bem: sem abrir mão dos cariocas Seminale, Ciro, o da jaca manteiga, Paulo Rego, os mineiros e mineiras, e gaúchas também,  passei a ter grandes amigas e amigos paulistas.
                               Minha última aquisição foi o Defranco, de Bragantina Paulista, que confesso não sei onde fica, embora seja uma cidade conhecida e importante.  Ah!  ia me esquecendo de  dizer que o Fon-Fon, aquele amigo da minha adolescência, era paulista, mas esse tinha se mudado para o Rio e tinha passado para o nosso lado. Ele dizia, com muita graça, que amava a “esculhambação”  carioca.
                               Mas ando muito preocupado com essas minhas mudanças repentinas de visões do mundo. Essa invasão dos paulistas na minha arena... Já quase aceitando torcer pelo Timão, o Corinthians, por causa da maravilhosa paulistana Deyse Felix.
                               A preocupação aumentou muito com a mudança de um hermano que veio morar em Miracema.
                               Ontem, no meu cafezinho com os amigos, o argentino, sem amigos,  sorriu para mim. Não é que achei o cara simpático. Será que ele tá querendo ser  meu amigo?
                                Um abrazo , Saludazos para todos! Viva o Boca Juniors!  E Viva la amistad!
 
Gdantas