Cenas de violência

CENAS DE VIOLÊNCIA

A televisão infelizmente é veículo condutor de cenas de terror nas nossas salas de estar, todos os dias. Os recentes assassinatos de forma brutal de duas mulheres por seus ex-namorados chocaram a população brasileira. Temos sido obrigados a digerir com freqüência cenas horripilantes de assassinos frios, que a mídia sustenta no sensacionalismo para se manter no topo, manipulando informações no mais torpe sensacionalismo. Quanto mais sórdido o crime, maior a especulação em cima dos suspeitos ou culpados... O caso Nardoni é um exemplo de como a televisão coage o poder público e faz com que a justiça se sinta obrigada a tomar medidas extremas sob pressão da opinião pública. Prova disso foi a aplicação da pena máxima aos dois culpados, já previamente julgados e condenados pelo Brasil inteiro.

Mas há o revés do problema, quando a televisão vai além do que devia em situações que poderiam ter um final diferente no anonimato. O caso Eloá ainda me dói, ao me lembrar de uma situação boba, de um amor inconseqüente que virou tragédia e morte. Aquela menina foi vítima do sensacionalismo e não só do tiro que a pressão popular apontou e atirou, usando o desespero passional da paixão bandida. Nestes conflitos da paixão humana, nunca faltam anônimos querendo aparecer, virar notícia e ir parar nas primeiras páginas das manchetes. Agora vivemos a novela do Bruno, com um clima de mistério envolvendo os últimos capítulos, até que se descubra o fim que levou a vítima, Elisa Samúdio. Os envolvidos estarão em cena, até que surja uma tragédia mais atrativa para os cineastas dessas histórias que dariam inveja à muitos diretores de filmes de terror e suspense.

Infelizmente, cada vez aumenta mais a especulação em cima das misérias humanas. O povo vai se acostumando a se alimentar do sangue que jorra nas páginas dos jornais e na tela de nossas televisões e o que é pior: vai aceitando como normal esses crimes que de início chocam, mas que pouco a pouco, vão virando rotina. É a banalização da dor, seja a nossa ,ou seja a alheia. De repente aquilo que nos assustava, passa a ser normal, passa a ser rotina e a gente nem percebe que se deixou embrutecer pelas barbáries. E o mundo vai ficando cada dia mais triste, mais cinza diante destes brutos, que infelizmente nos tornamos.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 16/10/2011
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