Rolo de Pele de Carneiro
Um amontoado de livros sobre o chão da sala. A parede onde estava a estante precisava ser pintada. Obras que deveriam ter levado semanas – algumas, quem sabe, até um dia – ou anos para serem escritas. Cada uma contando uma história. Cada uma com a sua história. Algumas certamente não seriam lidas. Como ele, que teria também a sua história. Que não seria sabida por todos.
Mas ali estavam também o rolo de pele de carneiro e a tinta à base de água. Já haviam passado o selador. Todas as pequenas deformações haviam sido removidas. A parede seria irremediavelmente pintada. O cheirinho espantaria os mosquitos. Ela ficaria bonita. Os livros voltariam para os seus lugares. Estavam vivos. Porque um livro nasce quando chega ao fim. Quanto a ele, ele, sim, ainda teriam que dizer ou escrever a sua história.