O Mestre

“ Menino mal educado! Quem é teu professor? Onde estudas, que não te educam”?

Quantas vezes ouvi falarem assim! O mestre, sempre o mestre, responsável pelos atos bons ou maus da humanidade! Haverá lógica em tão rígido conceito?

É o mestre, alguém destinado a transmitir a alguém os conhecimentos de que necessita para torná-lo igual ou superior a si e, para isso, deve possuir todas as credenciais exigidas para o desempenho de tão sublime missão. Em primeiro lugar, deve se esforçar em cultivar virtudes, das quais o aluno possa receber os reflexos e levar por toda vida a sua imagem, como um farol a iluminar-lhe o caminho. Eis aqui, portanto, um princípio de responsabilidade para os que se dão ao magistério: entregar-se de corpo e alma à educação, fazendo jus ao diploma que lhe foi conferido.

Encarando o professor por esse prisma, vemos que até certo ponto, o nosso personagem tem razão em relação ao comportamento do menino, em fazer-lhe aquela pergunta. É preciso, porém, observar que a criança ao chegar na escola, traz consigo a educação que recebeu dos pais e esta formação ela carrega por toda a sua vida. O que a escola faz é lapidar, aprimorar para que se integre na sociedade como uma pessoa de bem, fazendo valer os bons conceitos e princípios que adquiriu através da educação.

Nos dias atuais, observa-se uma mudança radical no comportamento do aluno em relação ao professor, dentro e fora da sala de aula. O professor deixou de merecer do aluno o devido respeito. Não existe mais aquele refinamento de polidez, pois, nem sequer o aluno cumprimenta o professor ao entrar em classe. Às vezes, cometem atos de violência contra os mestres, que nunca têm razão. Diante desse quadro, quase chegamos a concluir que o professor não tem as qualidades essenciais para ser um educador. E então, de que servem os cursos de aperfeiçoamento, onde se estudam, não somente a metodologia do ensino, mas tudo o que diz respeito à formação integral do educando, sendo esta, a preocupação por excelência da educação? É óbvio que estou falando em termos de maioria. Ainda há bons alunos que respiram a fina essência das virtudes, das boas maneiras adquiridas no lar ou que, muitas vezes, as tenham próprias e que são esculpidas pelas mãos do professor através das artes, dos cursos de relações humanas, das aulas de socialização, da formação religiosa, dos esportes e da educação ambiental.

Acontece que, no início da década de 60, houve uma grande mudança no mundo com relação aos costumes, às artes, à religião e ao avanço tecnológico. A mudança de costumes teve como prioridade, a liberdade sexual e o uso de drogas proibidas, tendo como conseqüência a rebeldia que se espalhou de forma assustadora entre os jovens, fugindo ao controle dos pais e das leis do país. Frente a esse grave problema, a escola tem-se esforçado para ajudar a juventude estudante a preservar os seus valores morais, a exemplo do Mestre dos mestres que veio ao mundo com o objetivo de ensinar ao homem o caminho do bem, educando-o na lei do amor. O professor, cônscio de sua responsabilidade, ministra seus ensinamentos com profissionalismo, caráter e personalidade, paciência e amor, sem distinção de raças, nem classes, nem pessoas.

Com base na experiência de muitos anos de magistério, convido os caros colegas de profissão a quem muito prezo e conheço a nobreza de alma, a continuarem honrando o juramento feito na solenidade de colação de grau. A realização de um ideal nos leva à prática do cumprimento de deveres, para que no futuro, aqueles que realizarem algo de admirável e que nos tenham passado pelas mãos, possam guardar consigo a nossa imagem irrepreensível de mestres exemplares.

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Maria de Jesus. Fortaleza, 15/10/2011.

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 16/10/2011
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