A IMAGINAÇÃO DAS CRIANÇAS

 

 

 

Dizem que as crianças de hoje com tantos brinquedos, alguns eletrônicos, não usam mais a imaginação. Tenho minhas dúvidas. Há poucos anos estive em contato com a turminha abaixo dos seis anos numa escola infantil. Levei para lá dois aparelhos de telefone que não prestavam mais e eles fizeram o maior sucesso. Meninos e meninas até brigavam por causa deles. Todos queriam ‘conversar’. Sempre ajeitavam um lugarzinho como se fosse um escritório e se punham a falar. Era a secretária que atendia, a mãe que ligava para saber do filhinho, o papai que ligava para a mamãe... Um velho e inativo computador também fazia sucesso, com dedinhos sempre a batucar-lhe ferozmente o teclado, assim como algumas calculadoras.

 

Gostavam de tudo que havia na prateleira do ‘supermercado’: potes de nescau, latas de leite em pó, caixinhas de gelatina, de aveia, de maisena, de biscoitinhos, de corn-flakes, de pasta de dentes, de sabonete... tudo de verdade, porém vazio. Alguém ‘vendia’ e outros ‘compravam’. Até usavam carrinhos de boneca para carregar as compras...

 

Outra coisa que eles adoravam era um baú cheio de ‘fantasias’, quer dizer, roupas de adulto, chapéus, gorrinhos, bolsas, luvas, casacos, cachecóis... até um vestido de balé que minha filha tinha usado num carnaval. O acesso era livre e muitas crianças logo cedo pegavam ali alguma coisa e passavam o dia todo perambulando com ela. Mesmo que fizesse muito calor, sempre havia alguém de gorro, de cachecol ou de luvas.

 

O mais divertido era a disputa para sentar numa mini poltrona que eles chamavam de sofazinho...

 

Não precisa muito para fazer a cabecinha deles voar, é só deixar objetos à sua disposição, além da bola, das bonecas e dos livros, é claro.