COISAS INCOMODATIVAS
Três coisas me causam náuseas e calafrios: pesadelo, leitura de manuais e declaração de renda.
Para o primeiro sempre há a alegria do despertar e saber que nada era verdadeiro; para o segundo, a gente leva surra, carrega uma dor de cabeça, mas resolve. Porém o terceiro é agonia crônica, é um espantalho que nos assusta todo o ano e o ano inteiro, pois o cuidado em reunir a papelada toda começa em janeiro.
Este ano, o segundo em que me atrevo a fazer minha própria declaração, entrei todo animado acreditando que o "know how" anterior faria a coisa parecer brincadeira. Ledo engano! A turma da Receita tem parceria com o Marquês de Sade e fica o ano inteiro maquinando uma forma de infernizar a vida do contribuinte; mudam tudo, uma linha aqui, uma opção ali, um índice acolá, de maneira que não adianta se louvar na do ano anterior, porque, aí sim, você vai surtar de vez.
Neste ano, só para carregar o programa, tive que passar por umas 20 telinhas e 400 opções e, quando conseguí, estavas prestes a desistir e mandar o Leão se catar.
Acho que Dédalo, se ainda estivesse entre nós, ficaria extremamente envergonhado com a simplicidade dos seus labirintos e jamais encontraria a saída da cova do Leão.
Aos trancos e barrancos fui alinhavando a declaração que, diga-se de passagem, só não é mais simples do que a dos contribuintes isentos da sua apresentação. Ao final, um grande susto; o sistema calculou o meu imposto em 16 mil pratas!!! Mas, antes, me fez rever os dados para corrigir 5 itens; um era a omissão do nome do dependente. Corrigí e o sistema não aceitou e isso se repetiu "N" vezes, até que eu, em desespero, escrevi - Dilma Rouseff, o que foi aceito sem restrições. Outro foi na declaração de bens e direitos, na qual registrei "Nada a declarar", mas o sistema não prevê essa hipótese louca, porém verdadeira e eu novamente chutei "125,35 pratas na conta bancária"...e pegou!!
Felizmente, quando me tacaram a conta de 16 mil (eu sou isento, com base na legislação vigente) revi a declaração e modifiquei tudo. Aí o sistema disse OK e me mandou o recibo com zerusca de imposto (3x0 pra mim).
Só não vou ficar mais alegre porque o suplício vai continuar, mas estou muito propenso a lançar pela Internet uma campanha pra mudar o símbolo de I. Renda. O leão é um animal nobre, que só mata pra sobreviver, muito diferente, portanto, do nosso maior tributo, que mata todo mundo ao considerar salário como renda, como se todos fossemos capitalistas.
Proponho um nome de bicho mais coerente e sugestivo, aliás dois: CHATO OU CRI-CRI!
Até o ano que vem!
Três coisas me causam náuseas e calafrios: pesadelo, leitura de manuais e declaração de renda.
Para o primeiro sempre há a alegria do despertar e saber que nada era verdadeiro; para o segundo, a gente leva surra, carrega uma dor de cabeça, mas resolve. Porém o terceiro é agonia crônica, é um espantalho que nos assusta todo o ano e o ano inteiro, pois o cuidado em reunir a papelada toda começa em janeiro.
Este ano, o segundo em que me atrevo a fazer minha própria declaração, entrei todo animado acreditando que o "know how" anterior faria a coisa parecer brincadeira. Ledo engano! A turma da Receita tem parceria com o Marquês de Sade e fica o ano inteiro maquinando uma forma de infernizar a vida do contribuinte; mudam tudo, uma linha aqui, uma opção ali, um índice acolá, de maneira que não adianta se louvar na do ano anterior, porque, aí sim, você vai surtar de vez.
Neste ano, só para carregar o programa, tive que passar por umas 20 telinhas e 400 opções e, quando conseguí, estavas prestes a desistir e mandar o Leão se catar.
Acho que Dédalo, se ainda estivesse entre nós, ficaria extremamente envergonhado com a simplicidade dos seus labirintos e jamais encontraria a saída da cova do Leão.
Aos trancos e barrancos fui alinhavando a declaração que, diga-se de passagem, só não é mais simples do que a dos contribuintes isentos da sua apresentação. Ao final, um grande susto; o sistema calculou o meu imposto em 16 mil pratas!!! Mas, antes, me fez rever os dados para corrigir 5 itens; um era a omissão do nome do dependente. Corrigí e o sistema não aceitou e isso se repetiu "N" vezes, até que eu, em desespero, escrevi - Dilma Rouseff, o que foi aceito sem restrições. Outro foi na declaração de bens e direitos, na qual registrei "Nada a declarar", mas o sistema não prevê essa hipótese louca, porém verdadeira e eu novamente chutei "125,35 pratas na conta bancária"...e pegou!!
Felizmente, quando me tacaram a conta de 16 mil (eu sou isento, com base na legislação vigente) revi a declaração e modifiquei tudo. Aí o sistema disse OK e me mandou o recibo com zerusca de imposto (3x0 pra mim).
Só não vou ficar mais alegre porque o suplício vai continuar, mas estou muito propenso a lançar pela Internet uma campanha pra mudar o símbolo de I. Renda. O leão é um animal nobre, que só mata pra sobreviver, muito diferente, portanto, do nosso maior tributo, que mata todo mundo ao considerar salário como renda, como se todos fossemos capitalistas.
Proponho um nome de bicho mais coerente e sugestivo, aliás dois: CHATO OU CRI-CRI!
Até o ano que vem!