ORA VEJA!
Que mais a dizer do que vejo? Que a boa leitura ganha ou perde atrativo a partir do que sugere o título de um texto. No caso da revista, o leitor é persuadido por um verbo no imperativo: VEJA. Implicitamente, LEIA é quase um despropósito apelo ao seu fim, em meio à predominância visual dos anúncios. Não raro, porém, vê-se; ou melhor, lê-se, entre as páginas comercialmente alternadas, algo que, pelo fundamental objetivo do texto, ainda mantém como assinante o atento leitor.
O que pouco se vê no vasto, riquíssimo e diversificado panorama literário brasileiro é o destinatário do escritor: o leitor. É deste que a Veja trata e a ele se destina A Pedagogia do Garfield, título da pouco ilustrada, mas estatística e jornalisticamente bem redigida reportagem de Jerônimo Teixeira, sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Muito pouco também tem-se a acrescentar a essa constatação, cuja falha claramente se vê por parte de um sistema de ensino devastador, conivente com o estudante (Ou com qualquer outro indivíduo) que não lê. A radiografia da educação é infalivelmente realista. E o diagnóstico aponta uma doença gravíssima: falência múltipla dos órgãos, de que resulta o atrofiamento intelectual por absoluta carência de estímulos.
A pesquisa mostra percentuais em que a poesia, surpreendentemente, é favorita nos exames do Enem. As histórias em quadrinhos vêm em segundo lugar, ficando o romance em 5ª colocação entre os gêneros abordados nas provas. Detalhes mais surpreendentes referem-se aos autores pós-modernistas em detrimento dos que os antecederam. Não que os modernistas sejam ruins, pelo contrário. Mas há entre eles muita mediocridade ao alcance do leitor igualmente superficial. Romancistas como Machado de Assis, Graciliano Ramos e outros prosadores ao estilo de um Padre Antônio Vieira são igualmente ignorados, como os poetas de maior peso em nossa literatura. A reportagem da Veja abre os olhos de quem a lê. Dela me poupo de repetir detalhes. Cabe-me só uma desanimadora reflexão acerca de quem produz boa literatura: para quê e para quem? Veja bem e leia melhor, caro leitor, antes de dar uma resposta. Mas aqui deixo um só exemplo: neste país em que se fala muito mal e escreve-se pior, o maior entrave no exame do Enem é o mesmo que se dá no exame da OAB. A maioria dos que passam na primeira fase é reprovada na segunda, pois mesmo tendo o conhecimento da lei, sobre ela não sabe discorrer na elaboração de uma simples peça. Diga-se então, se não leu: ora veja!
Que mais a dizer do que vejo? Que a boa leitura ganha ou perde atrativo a partir do que sugere o título de um texto. No caso da revista, o leitor é persuadido por um verbo no imperativo: VEJA. Implicitamente, LEIA é quase um despropósito apelo ao seu fim, em meio à predominância visual dos anúncios. Não raro, porém, vê-se; ou melhor, lê-se, entre as páginas comercialmente alternadas, algo que, pelo fundamental objetivo do texto, ainda mantém como assinante o atento leitor.
O que pouco se vê no vasto, riquíssimo e diversificado panorama literário brasileiro é o destinatário do escritor: o leitor. É deste que a Veja trata e a ele se destina A Pedagogia do Garfield, título da pouco ilustrada, mas estatística e jornalisticamente bem redigida reportagem de Jerônimo Teixeira, sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Muito pouco também tem-se a acrescentar a essa constatação, cuja falha claramente se vê por parte de um sistema de ensino devastador, conivente com o estudante (Ou com qualquer outro indivíduo) que não lê. A radiografia da educação é infalivelmente realista. E o diagnóstico aponta uma doença gravíssima: falência múltipla dos órgãos, de que resulta o atrofiamento intelectual por absoluta carência de estímulos.
A pesquisa mostra percentuais em que a poesia, surpreendentemente, é favorita nos exames do Enem. As histórias em quadrinhos vêm em segundo lugar, ficando o romance em 5ª colocação entre os gêneros abordados nas provas. Detalhes mais surpreendentes referem-se aos autores pós-modernistas em detrimento dos que os antecederam. Não que os modernistas sejam ruins, pelo contrário. Mas há entre eles muita mediocridade ao alcance do leitor igualmente superficial. Romancistas como Machado de Assis, Graciliano Ramos e outros prosadores ao estilo de um Padre Antônio Vieira são igualmente ignorados, como os poetas de maior peso em nossa literatura. A reportagem da Veja abre os olhos de quem a lê. Dela me poupo de repetir detalhes. Cabe-me só uma desanimadora reflexão acerca de quem produz boa literatura: para quê e para quem? Veja bem e leia melhor, caro leitor, antes de dar uma resposta. Mas aqui deixo um só exemplo: neste país em que se fala muito mal e escreve-se pior, o maior entrave no exame do Enem é o mesmo que se dá no exame da OAB. A maioria dos que passam na primeira fase é reprovada na segunda, pois mesmo tendo o conhecimento da lei, sobre ela não sabe discorrer na elaboração de uma simples peça. Diga-se então, se não leu: ora veja!