Em outubro... (3)
... choveu finalmente em Lavras após meses de estiagem. A chuva sempre é um bom motivo para puxar conversa quando não se tem realmente o que conversar. E se é um bom motivo para conversa é também um bom motivo para começar uma crônica quando não se tem nada para escrever. Subi a rua pensando nisso e me lembrei da crônica do Henrique Frendrich, Essa coisa egoísta chamada guarda-chuva, que li primeiro em nosso site dele, (http://vidasetechaves.wordpress.com) e depois no RL, onde ele fala: “Sou como aquele personagem, acho que do John Fante, que se afogava no meio do mar e fica pensando em como irá descrever aquela cena”. Pois eu também sou quase assim e, se digo quase é que também escrevo minhas crônicas mentalmente, na hora que estão acontecendo, mas duvido que em caso extremo, antevendo a morte, eu iria pensar em como escrever uma crônica que realmente eu nunca iria escrever a não ser através de psicografia. Pois como eu ia pensando para escrever depois, estava chovendo em Lavras e eu saí caminhando com minha sombrinha marrom que combinava com minha indumentária, a sombrinha que comprei em Barcelona e que é estampada com a palavra Barcelona em fontes dos mais diversos tamanhos. É uma sombrinha que fica assim entre o kitsch e o cafona, mas que tem sentido porque foi comprada em Barcelona e não em outra cidade qualquer, de um vendedor oportunista, que aparece quando a chuva aparece e desaparece quando a chuva desaparece (Eu não podia perder essa Henrique). Foi então que me lembrei de Steve Jobs, e de que ele morreu em outubro, um assunto puxando outro, assim como a gota de chuva puxa os vendedores de sombrinhas. Eu me lembrei que Jobs quando esteve na Universidade fez um curso de caligrafia e que foi da lembrança desse curso que lhe veio mais tarde a ideia de criar essas fontes maravilhosas que fazem os nossos textos mais bonitos e que tanto me dá prazer escrever. Tenho lido muito sobre ele esses dias e é incrível como nem um gênio como ele consegue a unanimidade, pois é louvado e execrado. Mas eu penso que ele teve um privilégio que poucos gênios tiveram que foi a de ver a transformação pela qual o mundo passou graças ao seu inventivo trabalho. A maioria precisa morrer primeiro para depois o mundo ser realmente afetado. Gosto das pessoas que conseguem antever o futuro sem serem adivinhos, pessoas capazes de perceber as possibilidades de transformação no mundo e trabalharem para isso. Alguns são apenas românticos visionários, mas outros põem a mão na massa e fazem a transformação acontecer. Eu me lembro de que em minha infância eu descobri os livros de Julio Verne e até hoje sinto pena por ele ter imaginado tanta coisa que iria acontecer e não ter visto nada acontecer, inclusive porque muita coisa ainda não aconteceu. Mas tenho certeza que ainda vai acontecer, como tenho certeza de que um dia chegaremos a algum lugar antes de sairmos de outro, mais ou menos assim, viajo hoje, aqui, mas chego ontem ao meu destino. Isso porque acredito que venceremos a barreira do tempo tanto quanto acredito que existe um mundo desconhecido no Centro da Terra, ao qual chegaremos aos nos perdemos em uma caverna misteriosa.
... choveu finalmente em Lavras após meses de estiagem. A chuva sempre é um bom motivo para puxar conversa quando não se tem realmente o que conversar. E se é um bom motivo para conversa é também um bom motivo para começar uma crônica quando não se tem nada para escrever. Subi a rua pensando nisso e me lembrei da crônica do Henrique Frendrich, Essa coisa egoísta chamada guarda-chuva, que li primeiro em nosso site dele, (http://vidasetechaves.wordpress.com) e depois no RL, onde ele fala: “Sou como aquele personagem, acho que do John Fante, que se afogava no meio do mar e fica pensando em como irá descrever aquela cena”. Pois eu também sou quase assim e, se digo quase é que também escrevo minhas crônicas mentalmente, na hora que estão acontecendo, mas duvido que em caso extremo, antevendo a morte, eu iria pensar em como escrever uma crônica que realmente eu nunca iria escrever a não ser através de psicografia. Pois como eu ia pensando para escrever depois, estava chovendo em Lavras e eu saí caminhando com minha sombrinha marrom que combinava com minha indumentária, a sombrinha que comprei em Barcelona e que é estampada com a palavra Barcelona em fontes dos mais diversos tamanhos. É uma sombrinha que fica assim entre o kitsch e o cafona, mas que tem sentido porque foi comprada em Barcelona e não em outra cidade qualquer, de um vendedor oportunista, que aparece quando a chuva aparece e desaparece quando a chuva desaparece (Eu não podia perder essa Henrique). Foi então que me lembrei de Steve Jobs, e de que ele morreu em outubro, um assunto puxando outro, assim como a gota de chuva puxa os vendedores de sombrinhas. Eu me lembrei que Jobs quando esteve na Universidade fez um curso de caligrafia e que foi da lembrança desse curso que lhe veio mais tarde a ideia de criar essas fontes maravilhosas que fazem os nossos textos mais bonitos e que tanto me dá prazer escrever. Tenho lido muito sobre ele esses dias e é incrível como nem um gênio como ele consegue a unanimidade, pois é louvado e execrado. Mas eu penso que ele teve um privilégio que poucos gênios tiveram que foi a de ver a transformação pela qual o mundo passou graças ao seu inventivo trabalho. A maioria precisa morrer primeiro para depois o mundo ser realmente afetado. Gosto das pessoas que conseguem antever o futuro sem serem adivinhos, pessoas capazes de perceber as possibilidades de transformação no mundo e trabalharem para isso. Alguns são apenas românticos visionários, mas outros põem a mão na massa e fazem a transformação acontecer. Eu me lembro de que em minha infância eu descobri os livros de Julio Verne e até hoje sinto pena por ele ter imaginado tanta coisa que iria acontecer e não ter visto nada acontecer, inclusive porque muita coisa ainda não aconteceu. Mas tenho certeza que ainda vai acontecer, como tenho certeza de que um dia chegaremos a algum lugar antes de sairmos de outro, mais ou menos assim, viajo hoje, aqui, mas chego ontem ao meu destino. Isso porque acredito que venceremos a barreira do tempo tanto quanto acredito que existe um mundo desconhecido no Centro da Terra, ao qual chegaremos aos nos perdemos em uma caverna misteriosa.