A ERA DA SUPERFICIALIDADE

O problema da velocidade impressa a tudo neste nosso mundo é algo que o nosso cérebro não tem condições de assimilar e ao mesmo tempo em que adquirimos algumas habilidades, em contrapartida sofremos sérios danos na nossa capacidade de criar, imaginar, refletir, o que me deixa apreensiva quanto aos efeitos que isso possa ter a longo prazo sobre as gerações que já vivem sob este ritmo. Um passeio pela internet mesmo com um objetivo específico de procurar um assunto facilmente nos fará entrar em contato com muito mais do que desejávamos em forma de títulos, imagens, fotos, e isso sem dúvida não deve produzir um bom resultado sobre o nosso emocional e não raro nos vai deixar com uma vaga sensação de um grande vazio, quando nossos olhos "viram" tanta coisa mas na realidade raros foram os momentos de vivências pelo menos prazerosas e de uma certa profundidade. Eu tenho assistido a uma novela que contrariamente ao que ocorre em geral na TV aberta atualmente, consegue apresentar um bom teatro, com ótimos atores justamente por não ter esse caráter acelerado como é praxe na emissora platinada e acontece na esmagadora maioria dos programas. Tenho tido o raro prazer de desfrutar de cenas aonde a câmera pára, se detém e nem há diálogos, apenas expressões faciais, gestos, olhares. Mas tal coisa tenho certeza, muitos dos nossos jovens já não tem mais condições de apreciar, haja visto o modo como estão sendo "treinados" para a superficialidade. Lembro de estar no cinema e quando o filme atingiu um ponto mais dramático, a música parou, o ator somente olhando, e isso talvez não tenha durado mais de um minuto, na mesma hora meninas atrás de mim se põe a conversar e uma atende ao celular. Mas adultos como eu, que já viveram outros tempos parecem também ter se enquadrado, e muitas são as casas aonde a gente é recebido numa sala em que a TV está ligada e a conversa se torna então algo truncado, quando a atenção fica dividida entre as pessoas e os assuntos da tela.

Infelizmente vivemos em um tempo em que parece haver um consenso de que somente correndo muito, fazendo o maior número possível de movimentos, vendo o maior número de coisas, enfim, consumindo como quem engole sem mastigar o que existe ao seu redor, estaremos usufruindo da vida que nesta paranóia acaba passando mais depressa e pior que isso, sem que tenhamos vivenciado nada em nível profundo, meros mata-borrões absorvendo a superfície.

marina zamora
Enviado por marina zamora em 14/10/2011
Reeditado em 14/10/2011
Código do texto: T3277214