O inverso do verso, parte 1 – A história sem começo.
E eu não olharia mais em seu rosto. Não.
Afinal, de que adiantaria, se você parece ter fechado a porta por onde saiu para que nunca mais seja aberta?
O certo é que estou morto.
Morto, porque não é racional continuar vivo, se os princípios interiores que antes me guiariam até o fim hoje não valem nada mais.
Confuso, mas real.
Valores, sem valor.
Cômico, mas real.
Mas e daí? Se eu quiser unir o espaço à minha história? Que tens tu a ver com isso, se não a exigência?
Eu sei. Eu senti que o tempo passou. Eu só não vi. Mas eu sei. Digo que sei, porque agora estou eu envolto numa trêmula claridade de 40 watts, e tudo mais é escuro. Não posso ver o que vem, e não vale a pena olhar para o que foi. Acho que não.
Que se dane esse papo enjoado de biopreocupação. Você perde tanto tempo se queixando, que resolveria a terça parte de teus problemas, se parasse de fazê-lo. Sim senhor!
O que se passa por aqui também não importa. Todo mundo sabe, todo mundo vê. De que vale tanto livro, tanto papel? Para o sertanejo, não vale nada. Nem um gole de cachaça.
Estou ciente de que quem me ouve, troca a boa novidade por uma velha amizade. Se é que me entendem.
Mas vou vivendo, painho, posto que o sorriso em seu rosto transforma o mundo que carrego no fundo deste corpo sem fim.