DESCONFORTO ESPIRITUAL
Tem sempre aquele dia que você vai rever pessoas da família. Uma ou outra casa parece cada vez mais vazia. No entanto o doce respeito à saudade coloca luzes sobre a mesa e esta ilumina o ambiente. Você até volta para casa pensando nos casos que ouviu em lares mais felizes ou mais descontraídos e por isso mais ricos. Volta e meia você acelera, mas não mais do que devia. Volta a pensar na vida dos que possuem o coração furado, meio amargo, mas sem fazer bem para a saúde ou para os que o rodeiam. Males da ignorância, talvez. Então você se coloca na posição de perdoar e esquecer mágoas banais. O chão da estrada aumenta e elas ficam para trás. Muitas horas adiante você visita uma irmã e percebe que ela está mais debilitada. Parece que enxerga cada vez menos e você sente pena. Sente pena da velhice tão precoce enquanto ela sorri por lhe ver ou segura o choro pelo que não pode fazer. Um pouco em seguida a leva para um passeio. Antes a presenteia com uma sandália que ela corre e coloca nos pés. O passeio poderia ter sido mais longo, mas pareceu bonito o bastante e suficiente para colocar conversa em dia. Despedem-se e você deixa a promessa de voltar mais vezes. Vai com a sensação que devia ficar mais tempo, mas a noite a acompanhará por toda a longa estrada brasileira da morte, BR 381. – Fica com Deus! – Vá com Deus! Ela sabe que é preciso partir. – Pode deixar que eu volto sim! Parte levando o desconforto de não saber se fez muito ou pouco. Torce para que aconteçam mais dias.
Tem sempre aquele dia que você vai rever pessoas da família. Uma ou outra casa parece cada vez mais vazia. No entanto o doce respeito à saudade coloca luzes sobre a mesa e esta ilumina o ambiente. Você até volta para casa pensando nos casos que ouviu em lares mais felizes ou mais descontraídos e por isso mais ricos. Volta e meia você acelera, mas não mais do que devia. Volta a pensar na vida dos que possuem o coração furado, meio amargo, mas sem fazer bem para a saúde ou para os que o rodeiam. Males da ignorância, talvez. Então você se coloca na posição de perdoar e esquecer mágoas banais. O chão da estrada aumenta e elas ficam para trás. Muitas horas adiante você visita uma irmã e percebe que ela está mais debilitada. Parece que enxerga cada vez menos e você sente pena. Sente pena da velhice tão precoce enquanto ela sorri por lhe ver ou segura o choro pelo que não pode fazer. Um pouco em seguida a leva para um passeio. Antes a presenteia com uma sandália que ela corre e coloca nos pés. O passeio poderia ter sido mais longo, mas pareceu bonito o bastante e suficiente para colocar conversa em dia. Despedem-se e você deixa a promessa de voltar mais vezes. Vai com a sensação que devia ficar mais tempo, mas a noite a acompanhará por toda a longa estrada brasileira da morte, BR 381. – Fica com Deus! – Vá com Deus! Ela sabe que é preciso partir. – Pode deixar que eu volto sim! Parte levando o desconforto de não saber se fez muito ou pouco. Torce para que aconteçam mais dias.