O Joio Nasce e Cresce Junto ao Trigo (É natural)
No dia 11 de outubro de 2011 (ontem, terça-feira), uma professora foi vitimada por uma bala perdida, numa linda e pacífica praia localizada no Nordeste brasileiro.
Hoje (12 de outubro, dia a Padroeira do Brasil) minha esposa me convidou a comparecer à missa de corpo presente, que seria celebrada na escola onde a vítima exercia suas atividades pedagógicas. Aceitei o convite com prazer, pois, apesar de não ser católico muito fervoroso, sou um aguerrido soldado de Cristo, o Verbo Divino.
Fomos à missa. Havia muitas pessoas a prestar sua última homenagem àquela professora.
Mais tarde, reunida a minha família na sala de estar, resolvemos ver o que dizia a imprensa (aquela que esteve presente no local da missa).
O âncora mostrou imagens do bandido que disparou os tiros a esmo, atingindo fatalmente a professora. Fez apologia a atos violentos, que deveriam ser praticados contra o tal delinquente, numa quase LEX TALIONIS: Olho por olho, dente por dente.
Eu sou contra a violência praticada por governos e pessoas de bem. E sou totalmente a favor do mandamento mosaico que ordena: NÃO MATARÁS; AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.
Resolvi tirar um cochilo para recuperar um pouco as energias. Ao acordar, rezei mentalmente um terço, para agradecer ao Pai Criador por tudo o que imerecidamente tenho recebido desde que fui gerado até os dias de hoje. A cada mistério eu agradecia ao Pai por um presente que recebi de meu Deus, como, por exemplo, este lindíssimo planeta Terra. Pedi que Deus me desse uma luz indicando-me se estou sendo injusto ao repreender o repórter que torce pela violência em casos como o que narrei aqui.
Peguei meu livro de cabeceira (O QUINTO EVANGELHO, segundo Tomé) e fechei os olhos. Pedi que Deus movesse minhas mãos. Abri o livro e eis que surgiu diante dos meus olhos o versículo 57, que diz: "Jesus disse: 'O Reino do Pai é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. De noite, porém, veio seu inimigo e semeou erva má no meio da semente boa. O senhor do campo não permitiu que se arrancasse a erva má, para evitar que, arrancando esta, também fosse arrancada a erva boa. No dia da colheita se manifestará a erva má. Então será ela arrancada e queimada'".
O texto lembra a parábola do joio e do trigo, constante do Evangelho segundo Mateus. Mas, apesar de Cientista Religioso, não quero fazer comentários, pois poderia ser tendencioso contra o amigo repórter que defendeu o massacre ao "joio". Passo a palavra ao Doutor Huberto Rohden, sacerdote nascido em Tubarão/SC: "É esta a conhecida parábola do joio no meio do trigo, no Evangelho de Mateus".
Pimba! Acertei na parábola. Prossiga, meu querido Rohden:
"Deus não quer que os maus sejam separados dos bons durante o período evolutivo dos dois. Os maus têm o mesmo direito de serem maus como os bons têm o direito de serem bons. As leis cósmicas não exterminam os maus por amor aos bons, mas deixam crescer os dois um ao lado do outro, até a total maturação deles".
Na mosca! Segundo o grande Rohden, não se deve arrancar o joio, pois ambos precisam evoluir ("maturar"), amadurecer.
O padre Huberto se pergunta "por quê". E ele mesmo responde: "Porque a separação entre bons e maus não deve ser feita por interferência alheia; ela é feita por eles mesmos como consequência da sua evolução interna, positiva ou negativa. São os próprios bons e os próprios maus que fazem a separação definitiva; não há nenhum fator externo que intervenha................."
E continua Rohden: "As leis cósmicas agem com absoluta matematicidade. É o próprio homem que........ se integra ou se desintegra, se realiza ou se desrealiza......"
Tudo o que o clérigo Huberto Rohden diz até aqui, está de acordo com o que pensei no momento em que ouvi a ira do jornalista, que, aliás, nessa profissão, tem o dever de assumir uma postura mais nobre, mais equilibrada, menos impulsiva. Não creio que ele tenha dito tudo isso de caso pensado, pois pior seria para o jornalismo, para a imprensa como um todo.
Deus atendeu minhas preces. Eu estou solidamente convencido de que não se deve combater a violência com violência. Se para um bandido é normal sair por aí atirando a esmo, para um povo seria bárbaro fazer justiça com as próprias mãos. A justiça dos homens é bastante falha. Mas a harmonia cósmica (justiça divina) é de uma precião matemática. Não falha nunca!
Como seria maravilhoso se a imprensa, ao invés de colocar a população contra o pequeno número de bandidos, ensinasse a todos o poder do Sermão da Montanha, contido no Evangelho de Mateus!
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
ROHDEN, Huberto. O Quinto Evangelho - A Mensagem do Cristo Segundo Tomé. Martin Claret, São Paulo-SP, sétima edição.