Selvagem, selvagem, selvagem...
Todo dia o sangue pulsa numa frequência impulsiva. Às veias irrigam meu corpo, meu coração bombeia todo o sangue, maldito sangue azul que insiste aparecer sob minha pele pálida.
Face a face. Eu observo todo o movimento. Acabo com a reciprocidade, acabo com a qualidade do ato, repito que acabo, acabo e acabo... O Imperador surge, é um lider, tem toda a autoridade das escolhas, lhe faz fazer escolhas de vida ou morte.
A velhice se aproxima, sinto o ar da leseira. Sinto a angústia calorosa, o cheiro fétido da noite quente e podre da cidade grande. Chega a hora de morrer mas eu fico pedindo auxílio, pedindo desistência, peço a calma - me negam a alma.
Atraso o relógio na esperança do atraso da alma, mas já sinto o sangue menos impulsivo, a irrigação menos continua, o coração menos acelerado... O sangue azul já gela, coagula. A vida, por instantes, parece não existir. A vista escurece, tudo para, tudo pira.
Não tem nada novo, é tudo velho. Selvagem, selvagem, selvagem... "I'm your wild girl...". O mundo me engole, pois eu não me deixei encaixar no sistema. Na escuridão nada resta, apenas eu e ela, quem diria que neste momento eu estaria sozinha.
Milhares de soldados zelam por mim, mas não há nenhum. Sinto-me só por querer me sentir só assim. Quem precisa de mim? Nem mesmo eu...
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SETEMBRO, 29