INQUILINOS POR DUAS HORAS
Todos sabemos que o problema de moradia numa cidade como São Paulo é algo que dá muita dor de cabeça e frustração. Afinal, diariamente, milhares de pessoas chegam aqui e o número das que saem é sempre bem inferior, ocorrendo assim uma procura incomensurável por locação. Encontrar um pequeno imóvel para comprar ou alugar tornou-se um bicho de sete cabeça. Compara-se até a encontrar uma agulha dentro de um palheiro ou ganhar o prêmio de uma loteria. E quando encontra algum, sempre surge um contratempo diferente. Ora é o preço, ora a localização ou o tamanho do imóvel e assim, sucessivamente. Que o dia um casal que chegou recentemente do nordeste do Brasil e está hospedado na minha residência.
Após algumas tentativas frustradas, eis que por acaso, foi vista uma placa de aluguel num cômodo bem situado numa ruma movimentada aqui no bairro onde moro. A minha esposa, como é mais experiente neste assunto, inclusive ficou bastante admirada com aquela "facilidade" aparente de encontrar aquele cômodo para alugar. Imediatamente, já conversou com o proprietário, por sinal, um senhhor muito estranho, principalmente pelo modo de se expressar, ou seja, sempre olhando para os lados, demonstrando insegurança, medo e fazendo exigências também descabidas, ilógicas. Mas, mesmo assim, o casal aceitou alugar o tal imóvel e se prontificando dá um sinal de cem reais no mesmo instante, pelo menos, conforme o dono exigiu, para "segurar" o contrato de aluguel.
Três dias após, conforme o combinado, o que seria o tempo certo para o pedreiro fazer alguns reparos no referido cômodo, o casal retornou ao local, juntamente com a minha esposa, para consumar o referido contrato de locação. Então, após dar o restante do dinheiro e guardando o respectivo recibo, os três sairam já para comprar algo para colocar dentro da nova residência. Neste ínterim de duas horas, ao retornar para pegar a chave, o psicopata do proprietário, com uma atitude inusitada e sem cabimento, simplesmente, tão logo ouviu a buzina do carro ao estacionar atrás do dele, saiu esbravejando:
-"Olha aqui, acabou o negócio! Não tem mais conversa e nem casa para alugar. Já vi que não vai dar certo. Olha aí, ele quase bate no meu carro! Já percebi que ele é estourado e eu também sou mais ainda. Sendo assim, me devolva aí o recibo que eu deu que eu devolvo o dinheiro do aluguel e fim de papo".
Após ouvir este discurso de louco, os inquilinos por duas horas, após receber o dinheiro de volta, entraram no carro e sairam em busca de outro imóvel para alugar. Só que desta vez, mesmo que o lugar não fosse assim tão bom, pelo menos que o proprietário fosse alguém com o juízo normal e cumprisse com a palavra dada. Todavia, conforme reza o ditado: "Há males que vêm para o bem!"
Agora está explicado o motivo pelo qual aquela placa de "aluga-se" já está há muito tempo naquele local. Pensando bem, quem aguenta morar tendo um doido, um psicopata como vizinho?
JOBOSCAN