CRÔNICA DA VIDA “... VOCÊ ESTA ME DEVENDO”
(DE MINHA VIDA)
Outro dia estava eu a trocar impressões e lembranças com alguém ,e veio-me á mente coisas de que me lembro muito bem,e que me fizeram mudar os rumos de meu viver.
Remeti-me aos meus tempos de garoto incauto e cheio de vida.
Havia tanta coisa á explorar,havia tanta inocência, que a nossas vidas estavam entregues á sorte do destino.Se sobrevivêssemos estaríamos no lucro.
Acreditávamos em tantas fantasias que hoje rio de o quanto eu era “bobo” ou inocente demais”
Das estórias em quadrinhos,surgiam a fantasia de um super homem,de roupa azul e vermelha,
Que com sua capa azul ás costas estava imbuído de tanto poder que podia ao estar vestido com aquele uniforme’ VOAR”...E de fato muitas crianças assim acreditavam ao ponto de se atirarem de lugares altos e se matarem na crença deste poder!
Oh ,doce inocência! Quantas fantasias! Quantos sonhos sonhei, eu era um mocinho ,um super –herói que com meu revolver de plástico e um cavalo com cabo de vassoura viajava ao oeste selvagem e caçava os foras –da –lei,galopava pelas campinas e perseguia os peles vermelhas que eram os inimigos.E quando a coisa apertava, sabia que a 7.A Cavalaria apareceria,pois ela nunca falhava,e á frente vinha o Rin-tin-tin, e o cabo Husty,junto com o sargento O’ Hara,seu protetor ou o Tenente Rip Master’s...
Sempre nós os mocinhos venceríamos,não tinha erro.
O tempo passava ,a brincadeira mudava a fantasia rolava e ai lembrávamos que podíamos tudo...Tudo no mundo da Fantasia é possível!
Certa vez,no auge de uma desta brincadeiras,na qual podíamos tudo,estava eu e alguns amiguinhos,no lote aberto da Construção da Secretaria de Agricultura ,que hoje se ergue no Parque da Água Funda ,na Capital paulista.
Lá havia varias valas abertas para os fundamentos da grande construção,e depois de muito chover,o sol se abriu e nos regalou com vários “LAGOS”, o que nos faria a festa.
Nos filmes do Zé Colméia e seus amigos, a gente observava que se podia subir num tronco e boiar.
E assim eu fiz: Ali ao redor, havia vários troncos,resultado do anterior desmatamento,para a realização da Obra que se erguia.
Não tinha duvidas, pegamos um enorme pedaço de tronco, e coloquei eu, no meio do lago barrento.
Como um garoto que ganhara uma piscina “natural” lembrei que aquele tronco seria aminha embarcação,pois o Zé colméia o fazia e boiava rio abaixo,pra fugir do Guarda Florestal,
Bem,aquele foi um momento chave na minha vida:
Ao subir no tronco,lógico que ele não se estabilizou...E eu ,menino incauto e sonhador,comecei a rolar e me afogar...
De um salto,vendo a situação,um dos garotos,Luizão, saltou e livrou-me de morrer.
A mesma situação,viria a me ocorrer quando eu ainda adolescente estava na Praia Grande,de costas para as ondas que me colheram de surpresa.O Salva-Vidas me livrou da morte.
Mas o que me fez pensar na vida e ainda hoje influencia muitos de meus pensamentos e que culminou no reconhecimento da vida após a morte e que não saímos deste plano se não for a hora,foi em 1972.
Eu estava prestando o Serviço Militar,e num dos exercício de agilidade com o meu pelotão,fomos submetidos ao Comando Crown,que se trata de uma corda entendida sobre um lago enorme.
Uma das pontas da grossa corda de sisal ,ficou no alto,amarrada á uma arvore,e a outra ponta presa na carcaça de um carro de combate M8 na parte de baixo do lago,que tinha por volta de 40 metros de uma ponta á outra.
O Nosso Pelotão “ Era o Bucha de canhão” ,sempre o primeiro á participar ara dos exercícios,dos quais todos os outros viriam a seguir.
Um cabo e um sargento nos apressava com uma vara ,nos chicoteando.O pelotão se aglomerou na corda e o resultado não poderia ser outro.Esta veio a arrebentar,levando todo o pelotão pra dentro do lago.
A gritaria era geral: Socorro aqui e ali, e apenas um bote salva-vidas para atender á todos!
Eu me agarrava á vida,pois nunca havia aprendido á nadar.Ouvia o Sargento gritar pra mim,que se perdesse o equipamento seria punido, ao que eu pouco me importava naquele momento ,pois só fazia gritar por socorro enquanto batia os pés pra tentar boiar com mochila, cinto N.A.,coturno, capacete de aço, e o fuzil levantado acima da cabeça...
Eu via que estava afundando e tentava ficar acima do espelho d’água...não enxergava mais nada de luz... Comecei a ver sim um clarão em minha direção e o filme da minha vida começou a rodar:Ouvia minha mãe falando,minhas brincadeiras e malfazejos, minhas traquinagens de criança,meus amores da adolescência, as coisas do espírito e as negativas de fazer boas obras.
Senti uma enorme agonia e a luz aclarando as palavras de minha mãe me admoestando, e eu chorando...Compreendi que estava sendo sugado por um tubo de luz...
De repente ouvi a voz do sargento,Paganini era seu nome,dizendo-me: Damaceno não me agarre ,mas eu não sabia o que fazia...
Lembro-me de acordar um dia depois na Enfermaria de campanha do Esquadrão de Cavalaria,e a voz irônica do sargent o dizendo,você estava morrendo e quase levou-me junto Damaceno,você deu sorte,mas não se esqueça,”esta me devendo”...
Sim sargento Paganini,se você um dia ler esta crônica,saiba que te agradeço,e estou te devendo o prolongamento dela,mas sei que devo mais ao Grande Criador ,pois foi ele que me deu esta nova oportunidade,através de suas mãos,foi ele que te envio u no momento certo,mas fez-me antes poder ver alguns dos os mistérios do outro lado!
Esta é uma das Muitas Crônicas de Minha vida!