O meu instante-já
Assim escrevo: tarde. Não a palavra.
A coisa.
(Adélia Prado)
Quando me lembrei
que tudo saiu das mãos de Deus
o mundo me pareceu
pequeno e familiar
como para minha infância travessa
o quintal da casa de meu pai.
(Dom Helder Câmara)
Não me recordo ao certo quando tudo aconteceu. Mas aconteceu e foi impactante. Um processo sem volta.
Como uma conversão: Há um evento e o desenrolar é desgastante, repleto de novidades e situações onde tudo parece querer puxar você de volta ao princípio, ao caos.
A ordem se fazendo perceber através do barulho, da luz que já se vê bem longe.
Ao longe.
E quão distante ainda estou! Mas percebo o seu cheiro.
Sabe, é como se já tivesse provado isso em outra vida.
E a vida continua correndo. Ela não se cansa.
Se ao menos fosse um maratonista, e precisasse diminuir o ritmo.
Ao contrário, é constante, e optou pela ladeira.
Houve um tempo em que descobri que a vida não era isso que estava vivendo. Desde então venho tateando, batendo cabeça, mas a doce voz continua audível.
A experiência foi feita. Quando e como não me lembro. Mas nunca mais fui o mesmo a não ser nesta busca ansiosa, a deixar o silêncio de lado.
E esta é a última estação: O silêncio, inimigo de quem não sabe para onde vai. Vencendo-o serei feliz.
Finalmente.
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