CRIANÇA TEM QUE SER CRIANÇA
Passado longínquo. Lembranças que ficaram na memória. Saudades da minha infância plena, feliz, despreocupada. Tempos em que os sonhos eram dourados, porque na vida não cabiam preocupações. Nem perigos! Os perigos que corríamos era cair de uma árvore, ralar o joelho numa queda de bicicleta, um arranhão do gato de estimação. As casas, todas, tinham quintais que faziam a festa do nosso estômago e da nossa gula... Laranjas, ameixas, figos, pitangas, coquinhos, amoras, caquis, uvas... As ruas eram a extensão dos nossos quintais e nas noites estreladas sentávamos nas calçadas para olhar o céu. Tempo em que não precisávamos nos refugiar a sete chaves, escondidos dentro de apartamentos. O máximo do "esconder" eram as brincadeiras de esconde-esconde. Tempo em que pega-pega era apenas uma brincadeira de criança e o ladrão era apenas o menino que escolhia uma menina e a roubava do seu par nos folguedos do "rouba-uva". Saudáveis tempos em que as brincadeiras colocavam o corpo em movimento e criança não sofria de depressão. Tempo feliz, tempo de ser feliz como deve ser a infância.
Pena que as coisas mudaram tanto! Hoje criança não tem mais quintais, não tem mais rua para brincar. Se vê "enjaulada", sem espaço, sem sonhos. Hoje criança cresce depressa demais, pois nem sempre é poupada das crises familiares. Já frequenta psicólogos e amarga a depressão que era exclusiva dos adultos. Lembranças felizes do passado em contraste triste com a realidade do presente.
Criança tem que continuar a ser criança. E essa tarefa cabe a nós, adultos. Proporcionar aos nossos filhos aquele período despreocupado e feliz que tivemos o prazer de desfrutar. Será possível isso?