O ato de ler permite caminhar, fazer a mente viajar por lugares conhecidos e imagináveis, sentir emoções diferentes. A mãe lendo diante do filho verte lágrimas e sua criança a indaga porque chora. Ela lhe responde, porque quando a gente está lendo podemos chorar ou rir. O exemplo estava dado. Possivelmente o filho irá apreciar a leitura ao crescer. O estímulo deve começar muito cedo e o prazer pelas descobertas vai acontecendo ao longo da vida.
Penetrar em uma obra é vivenciá-la, sendo tudo de desejável para quem escreve. Quando alguém fala: “Você escreveu para mim” gera uma sensação gratificante. O seu pensamento foi interpretado, compactuado; este retorno é uma forma para se partir para outros escritos.
Falar em leitura vem à memória a obra que foi transformada em filme, “O Leitor”. Conta a história de um jovenzinho que se apaixona pela professora. O relacionamento entre ambos foi tão marcante que, pela vida a fora, moldou a vida amorosa do estudante adolescente. O tempo passa e eles se perdem no tempo. Rever a amada, ele já em idade amadurecida, foi quase chocante. Ela tinha caminhado fazendo política de contestação. Ao revê-la atualiza suas emoções e revive que com ela aprendeu a ser leitor de obras e do corpo humano, carregando afeto, paixão e sexo.
Escuto uma entrevista de Miguel Falabella. Diz ele que seu pai lhe dava livros em vez de brinquedos. Na infância sei que se aprende brincando e não vejo como livros e brinquedos necessitam se excluírem. Indiscutível o prazer que a criança sente em brincar, mas há momentos que os contos permitem a imaginação dominar a mente. A realidade mistura-se com a fantasia e se brinca supondo que carros são verdadeiros, bonecas podem ser filhas etc.
Os livros vão estimulando a mente descobrir que, tal como os brinquedos, pode-se dar vida aos animais, príncipes, bruxas, a partir não de objetos concretos, mas de imagens que façam a criança enxergar, criar, além das gravuras ou de imagens virtuais.
Para a criança ainda vai permanecer por muito tempo o livro que possa ser pegado, manipulado inúmeras vezes.
Surpreendeu-me ter lido que muitos adolescentes tomaram gosto pela leitura a partir dos livros da série Harry Porter. Outro grande estímulo aconteceu com a série “Crepúsculo”, “Lua Nova” e outros do gênero, quando o tema gira sobre o amor de um jovem e belo vampiro por uma linda adolescente, do mesmo colégio. A identificação e a torcida para o amor prevalecer empolgaram os adolescentes.
Não importa o começo pelo prazer de ler, importa a descoberta do prazer. Há lugares e hora para tudo. Há quem prefira ler em silêncio, outros não se importam com o que está acontecendo ao redor, como em sala de aeroporto, por exemplo.
Converso com alguns jovens e me revelam que odiavam ler por conta de terem sido obrigados a ler os “Clássicos”, no colégio. A forma de imposição é que não funcionou. Comento que tem que começar com uma leitura agradável e, geralmente, é algo que os colegas comentam e gostam. Há que se descobrir quais os seus interesses e, a partir daí, entrar no mundo fabuloso dos conhecimentos e das viagens que a leitura proporciona.