Revolução dos Bichos - dois: Uma adaptação analógica ao texto de George Orwel
Era uma vez, num lugar muito distante, quando os bichos descobriram que podiam prestar atenção ao seu redor de forma diferente. Refletiram sem o saber. Olharam para cima – geralmente, os bichos o fazem para baixo- e perceberam que a atmosfera já não era a mesma dos tempos de Adão e Eva.
Tal reflexão foi produtiva aos que prestavam mais atenção ao que liam num livro “preto”, que há muito fora proibido, e ultimamente era deixado de lado por muitos, o qual continha milhares de verdades esquecidas de proposito por aqueles que lideravam a bicharada.
Algumas espécies que viviam nos pântanos – há outros que viviam nas colinas, rochas ou terra – refletiram: depois do dilúvio nos tempos do patriarca e herói Noé, as águas dos rios, lagoas e lagos já não são as mesmas. Há tantas coisas estranhas, lixos, jogados dentro dos “nossos” rios, que já não conseguimos reconhecê-lo como nosso habitat natural. Até o sabor da água é outro – mas, água não deveria ter sabor – agora tem. Se parece com sopa de mato podre.
Havia uma espécie de bichos voadora, que se gabava de ser da linhagem dos pterodátilos – outrora bem maiores e voadores, os atuais já não dispõem destas características de seus ancestrais. Esta espécie refletiu sobre alguns sonhos que traziam na curta memória voadora. Memória de uma época quando era possível voar e encontrar amoras silvestres de várias espécies, em vários lugares, numa floresta encantada, cujo nome a curta memória voadora não se lembrava direito, se, Amazonas, Amazônica ou Amazônia? Talvez não fizesse muita diferença, já que muitos sequer sabem de sua importância e onde se localiza.
Pobres voadores, já estavam com sua memória e asas pequenas demais para tanto esforço, voarem de volta ao passado em busca de suas reminiscências para saber sequer o nome correto.
Fecharam os olhos e os bicos! É melhor assim quando não se tem muita certeza.
Refletiram sobre o risco que corriam ao refletir! Poderiam atirar-lhes aquelas pequeninas “jabuticabas voadoras” usando suas “varas que cuspiam fogo”, ou os colocariam em “gaiolas” para serem observados nas grandes metrópoles como “aves raras” - ancestrais dos pterodátilos, e ainda de “lambuja”, aves pensadoras – muito bem se prestariam a serem atração aos estrangeiros, ETÊs de outras galáxias.
Teriam que entrar em seus grandes pássaros de metal supersônicos, com enormes asas para voar sem batê-las. Mas, para que serve voar sem desfrutar a liberdade de sentir o vento e ar na cara e bico. Ar que mesmo não sendo tão puro como outrora, a milhares de anos, tornaria o voo mais divertido que o ar comprimido naquele espaço reservado, encolhido, dentro daquele enorme pássaro de aço ou metal colorido.
Outros bichos entreolhavam-se atônitos com ares de muita preocupação! Alguns abriam sua bocarra cheia de dentes, porém, sequer emitiam algum som, apenas se entreolhavam aflitos.
Outros se perguntavam: Onde está aquela onça pintada, nossa vizinha? Não sabemos sequer de seus netos, se ainda vivem.
E a prima Jaguatirica? Ou ainda, onde está aquela família de jacarés que viviam naquele pantanal perto da floresta encantada?
Há muitos anos haviam aqui uns seres extraterrestres estranhos – diziam ser humanos – surgiram nas margens do Rio Negro, e tornaram o destino dos habitantes do Rio mais negro que o próprio nome.
Traziam nas mãos umas “varas enormes que cuspiam umas bolinhas” parecidas com jabuticabas pequeninas e voadores, que ao entrarem na grossa pele dos jacarés ardiam como fogo, fazendo-as sangrar até perderem o folego da vida.
Pegavam os filhotes numas redes estranhas e os levavam numas caixas grandes, amontoados junto às cobras e outros bichos. Não consigo lembrar-me do nome, se era “caixa negreira” ou “navio negreiro”, a curta memória não me permite muitas lembranças, são tantos nomes, tantas histórias...que enchem as mentes e vidas. Vidas? Somente para aqueles que foram “premiados” em continuar com ela.
A mente trás a recordação de que haviam leões - os chamados “rei” das selvas - caminhando com seu ar de Majestade. Trazem agora trás um senho franzido em sinal de preocupação com alguns rumores sobre a mudança de comportamento das leoas.
Ouvi “dizer” pelas ondas sonoras do pombo correio – apenas rumores , ninguém se atreve conferir – que as leoas ouviram sobre uma história vinda do outro mundo – dos ETÊs – a qual deu a entender que os leões eram polígamos e não gostavam de caçar. Não gostavam de pegar no ”pesado”, para sustentar sua prole.
Eram as leoas quem pariam seus filhotes, quem os amamentavam, quem caçavam boa caça para eles. E de “lambuja” tinham que esperar e ser a última na hora de comer. Primeiro comia – sua Majestade, o leão – depois, os filhotes famintos, pois estavam em idade de crescimento, e por último, - se sobrasse algum vestígio de carne -, a cansada e faminta leoa teria seu “direito” a comê-la.
Faminta por passar longas horas sem poder comer, e por amamentar sua prole, desgastada com o árduo labor de oito horas diárias na caça, somando-se às idas e vindas no trânsito da selva de pedras, mal alimentada pelos desgastes da amamentação e esforços extras dispendidos com a caça para sustenta a “casa”.
A leoa sempre foi o arrimo da família, e a última a beneficiar-se de seus próprios esforços.
Desculpe-me de tanto refletir ao derredor do problema central – a índole poligâmica e o ser pouco afeito ao trabalho pesado do rei leão,- quase ia me esquecendo de algo bem importante que ouvi pelas ondas sonoras do sr. Pombo correio. Trata-se da mudança do comportamento das leoas.
Elas ouviram dizer e gostaram do que ouviram - na floresta encantada da qual quase ninguém se lembra o nome – que as leoas fazem protestos, movimentos leoninos para terem os mesmo direitos leoninos semelhante aos direitos do Rei leão.
Existe até um código animalesco, que rege a vida e os direitos da bicharada. Diz “tudinho” o que os bichos voadores, nadadores, ou terrestres devem, podem ou não podem fazer. Quais os direitos dos aquáticos, em quais situações são iguais aos demais – quase nenhuma, evidentemente, - mas, está escrito lá no código.
As leoas gostaram de uma partezinha que diz que o leão tem que trabalhar trinta e cinco anos antes de poder pensar em parar de trabalhar, e a leoa poderá – teoricamente, lógico – pensar em parar de trabalhar após trinta anos de árduo trabalho duro.
Só trinta? Isto é uma eternidade.
Quantos anos vive uma leoa?
Calma! Estão estudando sobre a utilização de algumas plantas e ervas da floresta encantada para proporcionar jovialidade e prolongar a vida das leoas. São as chamadas Morus nigra e morus alba, da família das moráceas. Dizem que principalmente a amora miúra trás dezenas de benefícios às “leoa” no combate à osteoporose, diabético e reposição de cálcio. Afinal que leoa pode viver ou correr sofrendo deficiência em cálcio? Não!
Oh, sr. Pombo correio, essa estória está por demais complexa! Vamos simplificá-la? Vamos ao que realmente interessa?
Os leões terão que caçar de verdade para conseguir sua caça e sobrevivência, ao invés de gastarem longas horas em reuniões ultra secretas, nas quais as leoas são proibidas de participarem por serem leoas?
Você disse que nessa Nova Era com o tal código da bicharada, os direitos seriam iguais. Por que as leoas continuam sendo discriminadas e proibidas de participarem nas reuniões ultra secretas dos leões, mas continuam tendo o dever de trabalhar para sustentá-los?
Afinal o código animalesco não “reza” que os direitos e deveres são iguais a todos sejam leões ou leoas?
Não quero ser agoureiro, esta é a tarefa da coruja, mas, parece-me que vem por aí outra revolução dos bichos. Aconteceu uma no século passado uma tal de mundialização ou globalização, não me recordo bem o termo desta “novidade” não tão nova proposta por alguns Etês – que quase ia me esquecendo que o s pombos correios são Tri-tá-tá-tá-tara netos dos pterodátilos, hoje vistos em miniaturas, à semelhanças das arvorezinhas japonesas, bonsais.
Mas, se estiverem unidos, mudanças significativas podem ser conseguidas.