Bolinhos de Chuva

 
– Ué, Helena! Ainda aqui?
– Não! É uma miragem.
– Ei! Que malcriação é essa, menina!?
– Ah! Dona Zuleica! Desculpa. É que tô de mau humor. Não para de chover! Como é que eu vou-me embora?
– Não tem sombrinha?
– Vixe! Toda que eu tenho, eu perco.
– Bom... Neste caso, nem vou te oferecer a minha.
– Poxa, dona Zuleica! Que egoísmo!
– Nada disso! Essa minha sombrinha é muito querida. Eu tenho há anos!
– Fácil, né? Só anda de carro! Vai ver nunca usou.
– É. Usei pouco, mesmo.
– Viu?
– Tá, Helena. Vou lá pegar a sombrinha. Mas toma cuidado com ela! Foi minha mãe quem me deu.
– Não, dona Zuleica. “Pó” deixar. Vou dar mais um tempinho. Já tá diminuindo.
– Não sei, não. Hoje foi o dia inteiro.
– Pois é. Droga de chuva!
– Não diz uma coisa dessas, Helena!!
– E não é?! Só atrapalha!
– Ô, Helena! Se não chover as plantas morrem, os bichos... até a gente que tem água encanada sente falta.
– É! Eu sei. A seca tava braba mesmo.
– Então!?
– Tá, dona Zuleica, tá bom. Eu sei. A chuva é um mal necessário.
– Isso.
– Mas, podia ser mais divididinha durante o ano, né? Aqui em Brasília, são seis meses esperando a chuva e, nos outros seis, esperando ela acabar. Ou a gente resseca ou mofa!
– Isso é verdade!
– E eu aqui. Doida para ir embora!
– Relaxa, Helena! Por que não dorme aí hoje?
– Ai! E largar Robertinho solto por lá?

– Que que tem?
– Cheio de sirigaita...
– Bobagem, Helena! Quando homem quer aprontar não precisa de ensejo.
– Ensejo?
– Oportunidade.
– Lá, isso é verdade. Precisar, não precisa. Mas minha mãe tinha um ditado: a ocasião faz o ladrão.
– Tá bom, você é quem sabe. Se quiser ficar, fica. Eu vou fazer uns bolinhos de chuva.
– Eita! Essa eu quero ver.
– “Essa” o quê?
– Como é que faz? É com a água da chuva?
– Ai, Helena! Parece que não teve infância!
– Infância eu tive. Não tive é bolinho de chuva.
– Bolinho de chuva é um bolinho doce frito. Leva ovo, farinha, açúcar, canela...
– Hummm! Deve ser bom! Deu até vontade! Mas, por que é que chama bolinho de chuva?
– Isso eu não sei. Deve ser pela tradição de fazer quando chove.
– Ah!
– Bom! Fica aí esperando a chuva passar que eu vou fazer os bolinhos.
– Nada. Vou só ligar pro meu Roberto e volto para aprender a fazer essa gostosura.
– Tá.
...
– Tchau, dona Zuleica! Tô indo!
– Hein?
– O Roberto veio trazer um passageiro aqui perto. Quando eu falei que tava presa por causa da chuva, ele resolveu “vim” me buscar.
– Vir.
– Isso!
– E os bolinhos de chuva?
– Fica pra próxima!
– Hummmm! Você não sabe como são gostosos...
– Ah! Dona Zuleica! Devem ser mesmo. Mas, mais que o meu Roberto, não são, não!!




Este texto faz parte do Exercício Criativo - Chove Lá Fora
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