A   FOME,  O CÉREBRO,  E  O  PORQUE  DOS  PORQUES.



Minha mãe sempre transitou de um conceito religioso à outro, sem no entanto, se prender a quaisquer ensinamentos ou dogmas, acredito que minha mãe assimilava o necessário para vencer as diversidades da vida. Tudo o que aprendi com minha mãe, hoje eu sei, veio de uma sabedoria cultivada através dos "tempos".

Minha mãe no entanto não descuidava da nossa educação moral, como toda genitora, preocupava-se em nos mostrar a direção, para a formação de um homem de bem.
Minha mãe levava a mim e a meu irmão "milson" para assistirmos aos cultos, a noite em uma igreja.

Naquela noite, saimos de casa sem a alimentação de sempre:
macaxeira, batata doce, cuscuz etc. Tudo o que nos esperava em casa era um pouco de chá de cidreira colhido por minha mãe nas redondezas e alguns pães "dormidos,"  recebidos como pagamento por serviços prestados à uma padaria de fundo de quintal.
Não era comum irmos dormir sem forrarmos o estômago mas acontecia.
Como ainda hoje acontece com crianças em todo o mundo.

O sermão da noite era algo referente a uma cidade celestial, com ruas de ouro e pedras preciosas, recompensa "pós morte" para os herdeiros de Deus.

Enquanto ouvia o sermão da noite, ouvia também o "ronco" do meu estômago.
não entedia como podia passar tanta necessidade agora, e ficar rica depois de morrer.

Não conseguia compreender porque algumas pessoas já eram ricas e eu só seria após a morte.

Como explicar a uma criança
com fome,

que mora em um "barraco" de tábuas,
sem banheiro e sem terreiro,

que não tem belos vestidos,

nem sapatos de veludos,
pois lhe falta quase tudo,

que se veste de chita,
e não  tem  laços  de  fitas.

que depois de morta ela vai ficar rica?







veralis
Enviado por veralis em 09/10/2011
Reeditado em 10/10/2011
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