Um momento com Jorge Amado
Parece incrível!Quando eu desço em frente ao Elevador Lacerda, sinto-me uma personagem figurante, de uma das obras de Jorge de Amado. Na minha adolescência,li algumas obras desse famoso escritor baiano e até hoje tenho na minha estante de livros: Capitães da areia, Tocaia grande,Mar morto... e dei por falta de mais dois que havia emprestado.Lembro também da expressão de déu em déu ,muito dita por minha mãe. Voltando ao Elevador Lacerda, percebo que é quando desço e caminho pelas ruas do Comércio que vejo a materialização da Bahia descrita por Jorge Amado. Vejo Lívia e Guma passeando atrás do Mercado Modelo;Tieta chegando de Sant’Ana do Agreste, descendo no Terminal da França; meninos correndo pela rua Portugal; Jubiabá comendo acarajé , Balduino jogando capoeira e Vadinho ao lado de Dona Flor. Depois de muito, muito tempo sem ir a cidade baixa, tinha esquecido da Bahia de Jorge.Mas há um mês,comecei a visitar essa Bahia,pois fui convidada para ministrar aulas em um curso de extensão na Rua Portugal.No primeiro dia de trabalho,desci em frente ao Elevador Lacerda e tive a sensação de que estava fora de Salvador. Aqui é a Bahia de Jorge, pensei. Fui caminhando até encontrar o prédio onde daria aula, ouvindo canções e vendo personagens criados por Jorge Amado.Comecei a gostar desse passeio,mas as aulas foram poucas,apenas uma vez na semana,em dia de quarta-feira.Durante esse período,tomei café com leite e comi pão na chapa em uma padaria antiga;comprei uma rede no Mercado Modelo ;fiquei observando um senhor que vendia frutas e uma moça que bordava bolsas e vestidos;da janela do ônibus,vi mulheres na porta de bar na Ladeira da Montanha;ouvi som de berimbau,homens jogando capoeira,turistas fotografando tudo.Enfim,vi Jorge Amado com um sorriso no rosto,conversando com uma baiana de acarajé. Por dois meses, tive bons momentos de nostalgia e pura viagem literária. Êta que sensação porreta! Viva a Bahia! Viva Jorge Amado da Bahia!
Verônica Almeida.
Salvador, 16 de setembro 2011.