QUESTÃO DE VISÃO
Por EstherRogessi

 

 

Manhã fria e chuvosa, sentei confortavelmente em minha poltrona; procurei um bom filme – quase sempre acerto guiada pelo título –, achei!

Em certo momento, um dos personagens bradou:
– Amigo, como diz a maldita frase de Platão: “A guerra só acabou para os mortos!”

Pasmei! Maldita frase... Por quê?
O que levou aquele personagem a querer transformar uma frase sábia em maldição?

Não há dúvida de que a boca fala do que o coração está cheio. As nossas ações se originam do nosso estado de espírito.
Para tudo há uma razão, imprescindível é tentarmos conseguir alcançar, compreender, discernir, o que se passa no íntimo de cada ser – quer na vida, quer na ficção – ; considerarmos a origem de suas reações.

Penso que Platão desejou, fortemente, despertar os dormentes; chamar à vida, aos mortos-vivos, despercebidos de suas apatias espirituais.

A vida é uma eterna batalha. Um soldado ferido, jamais deverá largar às suas armas, menos ainda parar. O que para diante das intempéries da vida... Morre!

Meditando no raciocínio daquele personagem, indaguei-me: O que levou aquele homem a transformar a sábia frase de Platão em maldição?

O ser humano é uma incógnita, tende a formar opiniões, a respeito do que lhe é apresentado, nem sempre coerentes com a realidade proposta. Esse divergir está relacionado com estruturação familiar, formação educacional, social, e psicológica de cada ser.

Lembremos, sempre, do poder existente na palavra falada e escrita. Há dualidade em ambas; há o poder de gerar vida e/ou morte.
Lembro de um exemplo que abalou o mundo, através do escritor alemão Johann Wofgang Von Goethe, 1749-1832. De forma inconsciente levou ao suicídio, dezenas de leitores, através de sua obra intitulada: "O caso Werther", que o conduziu a fama, e, que a igreja católica a colocou no Índice dos Livros Proibidos.

O caso Werther relata o sofrimento do personagem; o amor impossível que Werther nutre por sua amada Charlotte, mesmo sendo correspondido, impossível de ser realizado. Charlotte casa-se com Alberto. Werther aprende a admirar o seu rival, tornam-se amigos; Werther pede a arma de Alberto a Charlotte, alegando proteção para a viagem que faria. Charlotte lhe entrega a arma, com a qual, Werther comete suicídio.

Esse triste episódio levou Wofgang a escrever:
(... "Onde eu me sentia liberto e aliviado, porque havia transformado a realidade em poesia, meus amigos se enganaram, acreditando que se devia transformar a poesia em realidade). (Johann Wofgang Von Goethe)

Este é o poder existente na palavra escrita, consequente da peculiaridade da interpretação textual de cada ser.

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EstherRogessi. Escritora UBE. Mat. 3963. Crônica, 07/010/11
EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 07/10/2011
Reeditado em 24/06/2013
Código do texto: T3262501
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