O vizinho que cheirava gás
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Sou natural de Jequié-BA, terra de pouco mais de 150 mil habitantes. Meus pais nasceram no Recôncavo Baiano, ele em Santo Antônio de Jesus e ela em Amargosa. Eram pessoas simples, do interior, de poucas palavras e muita atitude. Acho que daí veio meu jeito introspectivo, penso mais do que faço e quando faço algo as pessoas ficam surpresas, achando que foi tudo de última hora.
De tanto pensar morreu um burro, é o dito popular. Mas tem horas que é melhor esperar para não tomar atitudes impensadas. E esse meu jeito me livrou de criar um problema com o meu vizinho do andar de baixo. Ele é daqueles homens boêmios, que gasta noites e dias na porta de um barzinho, enchendo a cara de cachaça. Depois da farra, vem pra casa arrastado pelos amigos, sobe quatro andares, caindo de bêbado, escoltado por dois marmanjos.
Como sou de pouca conversa, o máximo que digo é bom dia, boa tarde. A porta do apartamento dele está sempre aberta e ele sentado à mesa, com duas ou três garrafas de vinho pela metade, caixas de pizzas espalhadas pelo chão, uma farra descomunal. Eu olho aquela bagunça e finjo não perceber nada. Afinal, a vida é dele, a casa é dele e eu não tenho nada com isso.
Mas o cheiro de gás que sobe e entra em minha janela me incomoda muito. Faz uns seis meses uma amiga minha estava fumando e olhando o movimento da rua, quando saiu gritando “fogo, fogo”... Eu não entendi nada, pois não vi fogo algum. Os vizinhos do prédio em frente estavam apontando para nós e comentando. Minha colega falou que tinha visto labaredas subindo perto da janela. Eu fiquei indignado. “É o gás que ele abriu, para se matar”, pensei. Não dei muita importância àquilo, mas fiquei preocupado com a segurança do prédio.
Pensei em ligar para a polícia, bombeiro, serviço de emergência, tomar uma providência qualquer. A vida era dele, mas os demais moradores não podiam pagar o pato. O cheiro de gás, que já incomodava antes de aparecer o fogo, me deixou com a orelha em pé. Será que ele era viciado em cheirar gás? Não era possível. Mas dias depois o cheiro forte de gás de cozinha apareceu. E isso acontecia sempre que o vizinho estava em casa. Passaram-se mais seis meses, e eu pensando em denunciá-lo.
Ainda bem que pensei bem antes de tomar uma decisão. Descobri que o cheiro de gás não era bem cheiro de gás, mas cheiro de gasolina que o vento trazia. Na rua da frente tem um posto de combustível e sempre que a direção do vento muda, traz o odor de álcool, diesel ou gás veicular. Coincidência ou não, o vizinho sempre está em casa quando isso acontece. Matei a charada e me livrei de criar um problema de vizinhança. Ainda bem.
De tanto pensar morreu um burro, é o dito popular. Mas tem horas que é melhor esperar para não tomar atitudes impensadas. E esse meu jeito me livrou de criar um problema com o meu vizinho do andar de baixo. Ele é daqueles homens boêmios, que gasta noites e dias na porta de um barzinho, enchendo a cara de cachaça. Depois da farra, vem pra casa arrastado pelos amigos, sobe quatro andares, caindo de bêbado, escoltado por dois marmanjos.
Como sou de pouca conversa, o máximo que digo é bom dia, boa tarde. A porta do apartamento dele está sempre aberta e ele sentado à mesa, com duas ou três garrafas de vinho pela metade, caixas de pizzas espalhadas pelo chão, uma farra descomunal. Eu olho aquela bagunça e finjo não perceber nada. Afinal, a vida é dele, a casa é dele e eu não tenho nada com isso.
Mas o cheiro de gás que sobe e entra em minha janela me incomoda muito. Faz uns seis meses uma amiga minha estava fumando e olhando o movimento da rua, quando saiu gritando “fogo, fogo”... Eu não entendi nada, pois não vi fogo algum. Os vizinhos do prédio em frente estavam apontando para nós e comentando. Minha colega falou que tinha visto labaredas subindo perto da janela. Eu fiquei indignado. “É o gás que ele abriu, para se matar”, pensei. Não dei muita importância àquilo, mas fiquei preocupado com a segurança do prédio.
Pensei em ligar para a polícia, bombeiro, serviço de emergência, tomar uma providência qualquer. A vida era dele, mas os demais moradores não podiam pagar o pato. O cheiro de gás, que já incomodava antes de aparecer o fogo, me deixou com a orelha em pé. Será que ele era viciado em cheirar gás? Não era possível. Mas dias depois o cheiro forte de gás de cozinha apareceu. E isso acontecia sempre que o vizinho estava em casa. Passaram-se mais seis meses, e eu pensando em denunciá-lo.
Ainda bem que pensei bem antes de tomar uma decisão. Descobri que o cheiro de gás não era bem cheiro de gás, mas cheiro de gasolina que o vento trazia. Na rua da frente tem um posto de combustível e sempre que a direção do vento muda, traz o odor de álcool, diesel ou gás veicular. Coincidência ou não, o vizinho sempre está em casa quando isso acontece. Matei a charada e me livrei de criar um problema de vizinhança. Ainda bem.