Na Escola
Tenho momentos na vida bastante tragicômicos. Um dia cheguei na sala entre as minhas loucas amigas disse/ soltei : ” fiz uma grandíssima besteira!”
E me perguntaram demais qual era essa grande besteira, que tinha tirado o meu sono a julgar pela minha cara de noite perdida.
- Você traiu a namorada!
- Não tô nem namorando mais – respondi.
- Você cheirou calcinha!
- Boba!
- Você pegou alguém de jeito!
- E engravidou?!
- Que nada – eu disse entediado – não posso e nem vou falar nada a vocês .
- Ah! Você comeu alguém mesmo, e está arrependido por causa da namorada. Safado.
- E engravidou?!
- Deixa de loucura menina, que engravidou, quem?
- Então porque essa apreensão toda?
Na verdade eu só queria um consolo, uma boa palavra, sei lá. Não podia contar o que aconteceu de jeito nenhum.
Houve entre nós um momento de silêncio onde eu provei voltar horas atrás e reviver a “besteira” que tinha feito, sentir o frio arrependimento cortando a barriga. Uma navalha.
Esse silêncio deu um insustentável tom grave à nossa conversa.
- Como a gente vai te consolar sem saber o que é?
- Eu sei lá se você matou alguém, eu posso ser cúmplice de um assassinato! – Falou a mais louca!
Todas riram. Eu só dei um cutucão nela saí para o pátio com um risinho no canto da boca. Na minha cabeça um peso de “besteira irremovível” , e na sala ficou no ar o segredo.