Nas nuvens
Coelhos, cavalos, patinhos, passarinhos, anjos ...
tanta coisa povoa o céu e eu aqui nessa sala rodeada de mentes sedentas do meu parco saber. Quanta ilusão... mas, vejamos.
Hoje foi um dia adverso. Tive somente a Fernanda, o Elias, a Sônia, a Leila, um rapaz se dizendo perdido no prédio - tá que eu acreditei... e depois chegou uma aluna do noturno. Ah, teve também a Eunice. Viu só, deu pra contar numa mão e ainda sobrou dedo! Explico: Fernanda já foi minha aluna; não conta porque não tem registro de que ela esteve comigo das 13:30 às 14:20, e a aluna do noturno conta menos ainda. Mesmo que eu tenha lhe explicado alguma coisa sobre carta aberta, a bendita da redação da prova de hoje à noite. Boa sorte pra ela. Espero ter ajudado.
Aliás, um parêntese - foi assim que conheci o Racanto: lia, lia, lia e lia. De vez enquando solicitava autorização de alguns autores, para utilização dos textos. Mas não fazia nenhum comentário. Tenho um tantão de textos e autores na área de trabalho e outros salvos no pen drive. Ficava procurando material para minhas atividades das segundas-feiras - as terríveis "provas" daquela "menina" da tarde, que sou eu. Vê se pode - quase 4.1 e eles me chamando de menina! Sem falsa modéstia, mas para, né! "menina..."; fala sério... Acho que é porque levo a vida como uma gostosa brincadeira. Embora meus "meninos grandes" estranhem quando dá 15:20 nas segundas-feiras e aí não tem gracinha, nem risinhos. Fico apavorantemente séria. Até eu tenho medo de ficar assim de vez. Ai, credo, sai de ré coisa ruim. Bom, vamos fechando este parêntese.
O que eu quero mesmo falar é sobre o assunto de todos que me procuraram hoje. Queriam conversar apenas.
Fernanda, uma jovem de 20 anos, roqueira até o último fio de cabelo, falou sobre como se consegue sintetisar um todo no raicai, no poetrix. Falou da saudade da boa música, de Iron Maidem, de AC/DC, de Kurt Cobain e outros, falou da educação musical do irmão caçula - tudo isso enquanto aguardava a professora de Química. Mas, para azar da Fernanda, hoje é dia de correção de Química. Então ela não pode ser atendida. Aí ficou comigo até antes de ir para o trabalho. Adoro metal, por isso sou suspeita de dizer que foi b o m d +++++!
O Elias. O Elias é professor de Libras na Rio de Janeiro... não me lembro o nº, e é aluno no Ensino Médio. Quando ele me procura, eu tento aprender o máximo que o tempo nos permite. Sei o básico de Libras, mas não me enrolo. A gente se dá super bem. Hoje ele me falou sobre a dificuldade que encontra ao escrever em Português, não que ele não saiba escvrever, mas dos professores não compreenderem a "sutil" diferença gritante entre ouvintes e Surdos na hora de escrever. Coisas da vida. Aff! Realmente, não é fácil. Faço o que posso, pois não temos Intérprete no turno da tarde. E não se esqueçam de que o Elias também precisa fazer redação na segunda-feira, 15:20. Boa sorte pra ele também.
A Sônia. Sônia não foi bem sucedida na última segunda. Tinha toda razão naquela tristeza estampada em seu olhar. Ela se mostrou uma fênix, buscando lá no fundo das entranhas, motivos para continuar a luta de terminar o Ensino Fundamental. Achei oportuno ler "Caçador de Mim", de Miltom. Ela leu, cantarolou, chorou ... Sônia é uma guerreira. Sabemos que não é nada fácil ser a gente, trabalhar, estudar, cuidar das crianças, viver...
Desde julho Eunice desapareceu. Hoje, ela também chorou ao contar o motivo do seu sumiço. Parece que tem sempre um coisa ruim invejoso, perverso tentando nos derrubar. Eunice também é guerreira!
Aplausos para Sônia, Eunice e tantos outros que me deixam nas nuvens!
O que eu faço? Sou a (ir)responsável por Literatura Brasileira e Língua Portuguesa no CESEC- Centro Estadual de Educação Continuada.
ps: Claro que não privo meus amados de Bertolt Brecht, Pessoa, Allan Poe, Neruda, Ayala, Antônio Jacinto e tantos outros gingantes das letras, e nem de vocês, amigos do Recanto. É só pintar oportunidade.
As gírias e o português? Ah! para, meu...kolé?