O dia em que a morte resolveu se matar
O ar frio tomou conta do cemitério enquanto dois ceifeiros contornavam os túmulos, à procura da Morte. Estavam preocupados com sumiço repentino dela.
– Droga! Onde será que ela está?
– Não sei. Desde de ontem! Os clientes estão acumulando. A Morte não tem senso de responsabilidade... ?
– Ei, olhe! O que é isso?
À frente deles havia um salgueiro e a Morte achava-se enforcada entre seus galhos. Aos pés dela, havia um bilhete.
– Meu Deus! O que deu nela?
– Espere, lerei o bilhete:
“Cansei de matar pessoas. Vocês não sabem como é cansativo e horrível tirar a essência de alguém. Para ninguém sofrer mais, é melhor eu deixar de existir.
P.S: Meu sonho sempre foi ser violinista”
– O que faremos?
– Agora, só nos resta esperar.
Minutos depois, o corpo da Morte voltou a mexer. Aliviados, os ceifeiros foram até ela e a retiraram da árvore.
– Francamente, Morte, você tentou se matar de novo? Sabe que nunca dará certo. Uma coisa morta não morre.
Se a Morte ainda tivesse sangue correndo nas veias, coraria de vergonha. Ela massageou o pescoço e falou:
– Desculpem! Baixou a depressão...
– Tá, mas vamos embora. O trabalho a espera. E... Morte?
– O quê?
– Violinista?! Semana passada não era dançarina de Cha Cha Cha?