O Futebol e o Patriotismo
“... O Canto de um Hino deve ser uma manifestação da Alma e não o cumprimento de uma Lei...”
A partida de futebol realizada em Belém do Pará (28/09/011), entre Brasil e Argentina encheu de satisfação os torcedores brasileiros. Mas eu tenho a mania de quando todo mundo está apreciando a beleza da pintura, fico apreciando a técnica e o capricho de quem fez a moldura. E daí me chamou a atenção o espetáculo que foi a apresentação do Hino Nacional Brasileiro. Se o pessoal da ditadura estivesse presente ficaria babando de inveja. Tudo fez para criar um “Patriotismo” de fora pra dentro. Até lei específica foi promulgada (Lei 2.700). Mas nunca conseguiu-se arrancar da garganta (isso é de dentro pra fora), com tanta força a maravilhosa música e a Letra, exageradamente culta, de nosso Hino Nacional. E olha que estou falando apenas do som. Quem viu a imagem poderá deixar essa crônica infinitamente mais rica. E tem mais, ninguém ensaiou a apresentação. É que apenas melhorou um pouco a qualidade de vida do Povo. O canto de um hino é um agradecimento e não uma promessa. Canto porque estou feliz. Não canto para um dia ser feliz. Senti saudades porque fui Orientador de Educação Moral e Cívica,no CIU, Ilha Solteira, durante a ditadura. E nunca consegui fazer as coisas do jeito que eu acreditava. Tinha que ser de acordo com o catecismo autoritário deles. Ao realizar uma eleição para a Diretoria do Centro Cívico MMDC (nessa época não podia ter grêmio), fizemos um projeto da criação de Partidos Políticos. Para contestar o regime sugerimos fugir da regra do bi partidarismo ( ARENA e MDB, cortina de fumaça para disfarçar o regime de força). Modestamente ficamos no tri partidarismo. E daí uma “daquelas cobras que estavam sendo criadas” chamado Homero Saes, acompanhado de seu grupo criou o MORFOSE (Movimento Revolucionário das Forças Estudantis). Atente para o nome em plena ditadura. Não deu outra: o Ilustre Coordenador foi chamado pelo então delegado Wagner Lombisani, para dar esclarecimentos. Argumentei que se tratava de uma aula de criação de partidos. Que essa era nossa intenção. “... Não entendemos assim disse o Delegado... ...coisa, meu caro professor, que o Sr. precisa entender: quando alguém faz ou diz algo que dá duas interpretações, esse alguém é responsável pelas duas...” Alguns anos depois experimentei um pequeno gole da satisfação de dar uma aula de plena cidadania. Foi na abertura duma tradicional gincana que realizávamos, anualmente, com todos os alunos do Colégio Euclides da Cunha, em Ilha Solteira. Sendo eu diretor do Colégio e coordenador da gincana, reuni como de costume, os alunos no pátio das Bandeiras para o Hasteamento, acompanhado do canto do Hino Nacional Brasileiro. Fiz um curtíssimo discurso onde disse: “... estamos felizes por iniciar uma manhã de brincadeiras e por isso vamos, com bastante força, agradecer a esta Terra que nos deu essa exuberante Natureza e Saúde para desfrutá-la...” Como todo Pai que acha que aquilo que o filho faz é a coisa mais importante do Universo, só vi coisa tão bonita quando assisti àquela manifestação em Belém do Pará... (oldack/03/10/011).