Minha diarista
É uma jovem de trinta anos, educada, séria e correta. Tem um incrível senso de ordem. Sabe passar roupa como ninguém e o faz na maior rapidez. Veio do Piauí com quatorze anos e aos dezesseis já estava casada com um conterrâneo. Assim que puderam compraram um terreninho perto dos parentes e depois construíram a casa em que vivem com os filhos: uma garota de treze anos e um menino de seis. Ela costuma vir até aqui de bicicleta, mas às vezes o marido vem buscá-la de carro. Ele é pedreiro. Além do habitual trabalho de doméstica, ela faz bicos como manicure e sacoleira.
Quando nos conhecemos, alguns meses atrás, ela pretendia o cargo de empregada mensalista, o que não me interessava naquele momento. Eu lhe propus dois dias por semana e disse que se ela arranjasse outra casa em que trabalhasse mais um dia, ganharia o mesmo. E ainda lhe sobraria tempo. Embora duvidosa, ela aceitou. Pouco depois já estava com a semana tomada. Mais tarde precisei reduzir sua jornada, mas não houve problema, tinha gente na fila de espera. Ao final do mês ela ganha bem mais do que o salário mínimo, além de almoçar por conta das empregadoras e terminar o expediente às quatro da tarde.
Exemplo para muita gente por aí que fica pendurada em bolsa-isso, bolsa- aquilo.